A quem votar o 10/11/2019?

O 8/09/2019 publiquei um artigo no que perguntava: Por que Pedro Sánchez nos embarca em novas eleições?” dando já por descontado que estávamos chamados a votar ao ver o espetáculo teatral que nos oferecia o Secretário Geral do PSOE para evitar assumir a sua responsabilidade de repetir desnecessariamente as eleições e transferir-lhe a culpa a Unidas Podemos.

Por Ramón Varela | Ferrol | 04/11/2019

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Apesar de que não teve o menor reparo em carregar sobre o nosso lombo o custo duma repetição eleitoral, considero que a reação dum galego de a pé que tem consciência de viver num país de seu, com língua, cultura e identidade própria, nunca pode ser abster-nos porque desse modo estaríamos beneficiando aos corruptos do PP que precisamente fazem campanhas nas redes para desmotivar a participação da cidadania de esquerdas e assim possibilitar-lhe a eles aceder ao governo de Espanha, sem ter assumido nenhum castigo por ter-se enriquecido ilicitamente muitos dos seus dirigentes e ter pagado as campanhas eleitorais com o dinheiro dos cidadãos.

Ademais, nós como somos galegos, não deveríamos votar a aqueles que estão asfixiando o nosso raquítico autogoverno com a repressão mais dura que se desatou nos últimos tempos, contra Catalunha diretamente, mas indiretamente também contra a Galiza e Euskadi. São provas bem eloquentes de todo isso a presteza que se deram os impulsores do 155 para ordenar malhar desapiedadamente sobre pessoas pacíficas que unicamente acudiam a votar numas urnas que lhes puxo com este fim o seu legítimo governo. Mas não contentos com isto aplicaram-lhe o artigo 155 muito além do que a própria Constituição espanhola tinha previsto, e a seguir converteram os violentos em pacíficos e mudaram os dirigentes políticos pacíficos em violentos e sediciosos aplicando-lhe uma sentença iníqua, depois de tê-los mantido durante mais de dous anos no cárcere sem nada que o justifique. Esse dia foram condenados todos os povos do Estado espanhol, como intentei provar num recente artigo do 8/10/2019.

Uma razão especial para não votar ao PSOE é que a dia de hoje ninguém pode afirmar, com conhecimento de causa, se o PSOE vai pactuar com a direita do PP para ser investido e depois intentar governar em solitário apoiando-se na esquerda, na direita ou no centro segundo as conveniências do momento. Esta quiçá seja a jogada que Pedro Sánchez, ou seja, Ivan Redondo, nos tém preparada. Desse modo poderia volver de novo a aplicar políticas de direita apesar de ser elegido por votantes da esquerda e deixar no caixão todo aquilo que não lhe parece oportuno aplicar. Desse modo, lograria acurralar a Iglesias na esquerda para ocupar ele o amplo espaço de teórica esquerda moderada e de centro. Isso permitir-lhe-ia manter-se no poder com medidas “efeitistas”, como trasladar a múmia de Franco, sem fazer frente aos grandes retos que tem o Estado espanhol, hoje numa deriva autoritária e de enormes desigualdades reais.

Um cidadão galego do século XXI creio que deve apoiar a partidos galegos, que tenham o centro das suas preocupações na nossa terra. Quando um partido é controlado desde Madrid, o normal é que os problemas da Galiza passem a um segundo termo, principalmente se colidem com os interesses do partido no âmbito estatal. Isto é o aconteceria se votássemos a Em Comum Podemos, como se demonstrou muito claramente no acontecido nestas legislaturas em Madrid. Galiza não teve voz própria senão que ficou relegada a um nível de irrelevância ainda inferior a Cantábria, que já é dizer. De Vox tenho pouco que dizer, porque se trata dum partido reacionário, puramente franquista, que quer retrotrair-nos ao tempo da ditadura, tanto no eido ideológico como político e social.

Excluídas as formações de âmbito estatal, por motivos muito diferentes, devemos olhar para Galiza. Aqui observamos que fora de combate Anova  e Em Marea, por razões distintas, ainda que, em definitiva, por ter-se arriscado a jogar a baça do pinheirismo, apesar de que ter já fracassado anteriormente com os intentos de Realidade Galega e com Esquerda Galega de Camilo Nogueira. Estes dous partidos têm uma história na que as lutas internas foram uma constante, primeiro em Anova, mais tarde em Age e finalmente em Em Marea, terminando por dessangrar-se e sem aços sequer para competir eleitoralmente, mas, com uma atitude mesquinha, sem dignar-se tampouco apoiar as forças próprias galegas que se apresentam as eleições.

Fica só, portanto, o BNG, porque Compromisso por Galícia só pode apresentar-se como muleta doutro, porque não quis criar um partido de centro em Galiza e ficou sem espaço vital na esquerda, sem possibilidades de lidar com os demais partidos. Eu gostaria dum BNG muito mais forte e mais inclusivo, que concite o apoio de muitos mais setores sociais, sobre todo tendo em conta que não há nenhum partido galego de centro, e convidamo-lo a que trabalhe nesta linha para que a nossa terra tenha não só voz própria em Madrid, senão também força para poder mudar, em favor próprio, a nossa situação socioeconômica e política. Contudo, a esta altura é a única opção que temos para dar-lhe voz própria em Madrid, e para colaborar com as forças espanholas mais favoráveis a uma reforma do marco legal e mais dispostas a fomentar políticas que impulsem a reforma do marco laboral, o crescimento econômico e o bem-estar social.

Papeleta
Papeleta | Fonte: EP

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