Para circos, o Ringling

As forças políticas da esquerda institucional galega continuam com a sua gira circense de verao: malabarismo, palhaços, acrobacia, contorcionismo, equilibrismo, monociclo, etc. O espetáculo do BNG e da Marea estám condicionados polos tempos políticos de Feijó.

Por Carlos Morais | Compostela | 05/08/2016

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A última palavra que adote Madrid sobre a posiçom final da sucursal galaica de Podemos hipoteca as alianças do beirismo e as suas fantasias de ocupar as dependências de Sam Caetano.

Estamos pois assistindo a um verao “político” com poucas ou nengumha inovaçom. A fim de contas estamos reproduzindo o conjunto dos números clássicos do reformismo, visados para alimentar o ilusionismo eleitoral para procurar umhas reforminhas, reforçar a dominaçom do Capital e satisfazer as ambiçons das suas elites.

Aparentemente com música e coreografia diferente, tanto o BNG como a Marea, procuram exatamente o mesmo: ocupar espaço institucional no quadro do atual regime. A “nova” como a velha política coincidem também na sua composiçom pequeno-burguesa e na orientaçom nacional-popular discursiva. Nom há diferenças destacáveis na prática do dia a dia, embora compitam entre ambas polos votos dos setores populares situados no campo progressista.

A Marea ainda insiste em poder governar logo do sério aviso de 26 de junho, e o BNG ficaria satisfeito com manter representaçom no parlamentinho para assim ganhar tempo e evitar o seu descalabro final.

Ontem a Marea cenificou como as meles do poder provocam efeito chamada a todo tipo de oportunistas, como facilitam pactos contra natura entre forças com projetos nom coincidentes, como sim é possível negando as leis da gastronomia elaborar umha caldeirada de produtos incompatíveis.

Deslocar o PP da Junta é o objetivo supremo polo que se exige reforçar a “unidade popular” alinhando polo morno programa regeneracionsita e democraticista da pequena burguesia. Mas tanto as experiências municipais nas cidades “rebeldes”, como a gestom da referencial Syriza, desmintem as expetativas que ainda mantenhem abduzida a muita gente.

O BNG nom muda de música e continua autista frente às reivindicaçons e preocupaçons do que era a sua base social. Agora já nom só está acomplexado, está profundamente asustado com a possibilidade de se converter numha força extraparlamentar. Segue incapaz de compreender as causas do seu retrocesso e da cada vez maior irreleváncia na lógica política que nom renúncia a ocupar.

Tanto as forças que promovem a Marea como as que ainda se articulam no BNG som fieis a umha das regras de ouro do circo. O público, neste caso o povo trabalhador, é mero expetador do espetáculo, pois tam só de forma casual e planificada pode participar para afiançar o show.

Em questom de horas saberemos quando o PP convoca as eleiçons autonómicas. Eu prefiro 25 de setembro por umha só razom. Quanto antes passe a data mais rápido se desinchará a falácia discursiva da “mudança” e antes começará muita gente a afastar-se da estafa da fast-politik que tanto dano tem provocado na luita de classes e de libertaçom nacional.

Quando finaliza o circo voltamos à crua realidade da cotidianidade diária que as luzes, o som e o brilho do “maior espetáculo do mundo” ocultam. Mas aqui corremos o risco de que a frustraçom só facilite o avanço do fascismo que já percorre Europa.

Para circos eu prefiro o de verdade, o que che fai rir e desfrutar.

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Carlos Morais Carlos Morais nasceu em Mugueimes, Moinhos, na Baixa Límia, a 12 de maio de 1966. Licenciado e com estudos de doutoramento em Arte, Geografia e História pola Universidade de Compostela, tem publicado diversos trabalhos e ensaios de história, entre os quais destacamos A luita dos pisos, Ediciós do Castro, 1996; Crónica de Fonseca, Laiovento, 1996, assim como dúzias de artigos no Abrente, A Peneira, A Nosa Terra, Voz Própria, Política Operária, Insurreiçom, Tintimám, e em publicaçons digitais como Diário Liberdade, Galicia Confidencial, Sermos Galiza, Praza Pública, Odiário.info, Resistir.info, La Haine, Rebelion, Kaosenlared, Boltxe ou a Rosa Blindada, da que fai parte do Conselho assesor. Também tem publicado ensaios políticos em diversos livros coletivos: Para umha Galiza independente, Abrente Editora 2000; De Cabul a Bagdad. A guerra infinita, Dinossauro, 2003; 10 anos de imprensa comunista galega, Abrente Editora 2005; A Galiza do século XXI. Ensaios para a Revoluçom Galega, Abrente Editora 2007; Galiza em tinta vermelha, Abrente Editora 2008; Disparos vermelhos, Abrente Editora 2012. Foi secretário-geral de Primeira Linha entre dezembro de 1998 e novembro de 2014. É membro do Comité Executivo da Presidência Coletiva do Movimento Continental Bolivariano (MCB). Fundador de NÓS-Unidade Popular em junho de 2001, formou parte da sua direçom até a dissoluçom em maio de 2015. Na atualidade, fai parte da Direçom Nacional de Agora Galiza e do Comité Central de Primeira Linha.