Temas: RURAL MúSICA

"Unha reivindicación do rural, onde o diñeiro ás veces é menos necesario"

Que diaños fai un guitarrista folkie de Fía na Roca sacando un disco que sona a Extremoduro ou a Radiohead? Falamos con Xiao Berlai da íntima historia da que xurdiu Desconhecido (Auxóxere, 2016), un retrato en sons e banda deseñada deses galegos que, como apaches nas reservas, esmorecen á mantenta á sombra dos parques eólicos. Unha obra nada doada de escoitar, obsesiva por momentos; pero tamén sinceira, arriscada e sexual. Sen dúbida, un dos mellores discos do que levamos de década no país.

Por Manuel Vilas | Santiago de Compostela | 13/12/2016 | Actualizada ás 14:01

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Moitos coñeceron a Xiao Berlai como guitarra e compositor dunha banda folk de certa sona, Fía na Roca, xa defunta. Mais, arredemo, Desconhecido sona a moitas cousas, pero non precisamente a folk. A que se debe este cambio de rexistro? Nunha escena como a galega, tan compartimentalizada en xéneros, ser é unha aposta en extremo arriscada.

Espantalho no millo, unha das ilustracións de Desconhecido
Espantalho no millo, unha das ilustracións de Desconhecido | Fonte: berlai.com Axóuxere

Gosto muito dessa frase: "Sona a moitas cousas"... porque efectivamente, isso é o que procurei desde o começo. O câmbio de registo deve-se à necessidade de cantar uma história real .  E como todas as histórias reais um único estilo nom alcança para expressar as emoçons que entram em jogo  -ou quando menos eu nom saberia fazê-lo-.  Alguma gente dixo-me que o "Desconhecido" a fixera rir em cançons como "Abro a janela" ou "Só uma noite não é nada", a fixera dançar em "cruzei mares", que se perdera com nós em "Às vezes... perdim-te" e que a fixera chorar com "Hoje é por fim... nós"...  Sentim-me imensamente feliz quando me dixerom isso... Uma espécie de confirmaçom de que o caminho seguido foi o correcto.

"Berlai é indie rururbano, como consecuência lógica á música post-bravu" di a súa web. Pois que quere que lle diga, de soarme a algo, a min recórdame ao Extromoduro de Deltoya, sen o seu rexistro adolescente, pero si coa súa urxencia lírica, crítica social e sexo sen miramentos ...

Por Indie rururbarno referimo-nos a várias cousas. Por uma banda, Indie é uma espécie de saco onde entra de todo, e assim justificamos as diversas sonoridades polas que transita o cd-bd. Gostamos do adjectivo rururbano pois fai referência à fricçom criada entre o rural e o urbano, onde a dia de hoje, pensamos que mora a maior parte de povoaçom galega, por mui rurais ou urbanitas que nos desejemos cada um de nós. Em Berlai adoramos as berças urbanas ou a reciclagem associada ao mal chamado "feismo". E essa imagem penso que está presente na banda desenhada e também em cançons como "Far West".  O de Extremoduro já foi comentado alguma outra vez. É um orgulho essa comparaçom, e efectivamente há temas que procuram essa urgência e essa critíca necessária da que falas, como "Far West" ou "Só queria repetir", onde se vê claramente um Extremoduro galego... (dixo-me isto Bocixa de Zënzar). Por outro lado também buscamos outras influcências como Radiohead, The XX, Massive Attack, Albert Plá, a própria tradiçom de música galega . Por exemplo, a melodia de "Cruzei mares" tem rítmica de uma muinheira velha.

Outra das cousas que sorprende do traballo é que vostede lánzase a cantar por vez primeira. Foi o maior desafío deste disco?

O equipo de Berlai (XIAO BERLAI  VOZ, GUITARRA E MANDOLINA; PABLO PÉREZ BAIXO ELÉCTRICO;  BRUNO COUCEIRO  BATERIA;  IAGO MOURINHO TECLADOS E PIANO;  ERNESTO G. TORTEROLO ILUSTRAÇÕES), con Xiao o primeiro pola dereita
O equipo de Berlai (XIAO BERLAI VOZ, GUITARRA E MANDOLINA; PABLO PÉREZ BAIXO ELÉCTRICO; BRUNO COUCEIRO BATERIA; IAGO MOURINHO TECLADOS E PIANO; ERNESTO G. TORTEROLO ILUSTRAÇÕES), con Xiao o primeiro pola dereita

Cantar... Nunca imaginei tal para mim... Um reto... bem certo: Uma loucura, talvez?

Síntese cómodo neste novo papel? Que o animou a dar este paso adiante despois de levar xa bastantes anos no mundo da música? 

Como che dixem antes, o nosso cd-bd está baseado numa história real: A história do meu tio-avô Alfonso.  Quando morreu... nom sei... ao vir do tanatório, sentim a necessidade de agarrar-me à guitarra e cantar... cantar-lhe a Alfonso, todo aquilo que nom me deixara dizer-lhe, todos os sentimentos que me produziu a sua vida, a sua história, a sua actitude... E assim nasceu "Quem pudera ter sido" que é o primeiro tema do disco. Essa cançom saiu soa em apenas uma ou duas horas. E aí estivo... descansando em algum lugar do meu estudo e da minha memória, aguardando para que 3 anos depois fora o início do Desconhecido que agora já existe e do que já podedes desfrutar.

O feito de ter recorrido ao financiamento en colectivo a través de Verkami, a que se debeu? 

Pois a verdade... nom sei mui bem que nos deu para fazer um crowdfunding: Um atrevimento, suponho. Medo a nom saber quanto vale fazer uma banda desenhada. Porque um disco, sei mais ou menos o que custa.

Despois de lograr financiar o disco deste xeito, como valora este método de produción?

É dicir o crowdfunding nace dunha necesidade -as discográficas galegas son cada vez máis flebes, se é que foron fortes algunha vez- ou dun intento de garantir maior independencia artística para un traballo que moi persoal?

Garantir uma independência artística sempre é importante mas isso para mim, sempre foi uma constante. Em Fía na Roca sempre fomos independentes Desconheço outros casos em grupos galegos, a verdade. Por outra banda, serviu ademais como uma maneira de pré-venda e também para criar um espectativa... "- Que anda a fazer o Xiao? - Nom sei... é uma cousa estranha. Um formato raro, nom saberia dizer bem, e ao mesmo tempo chama-lhe "Desconhecido"... Até tem um tema que se chama "um livro estranho"  hehehe.

É importante sinalar também o bom trabalho de Axóuxere. Sempre nos orientou no bom caminho nas decisons editoriais, nunca artísticas. De facto, o livro tem um acabado extraordinário, até cheira bem.

 

O libro-disco xira en torno a figura do seu defunto tío. É unha homenaxe, ou un xeito de dicirlle aquelo que non lle puido dicir en vida? Ou as dúas cousas... 

Si. Uma homenagem a el por ser valente e eleger uma vida diferente. Por decidir a sua existência como um acto de rebeldia pacífica, que me lembra muito a uma actitude que muitas vezes relacionamos mais com filosofias orientais. O meu tio sempre me pareceu uma pessoa fascinante e misteriosa.

Por outra banda, também queria reivindicar a essas pessoas que vivem no rural achegadas muitas vezes a formas de vida onde os quartos som muito menos necessários do que para nós. Som gente à que esquecemos facilmente, à que tratamos como tolos, mas existem... Estou convencido de que qualquera que esteja lendo isto, conhece a uma ou duas pessoas nesta situaçom.

Ernesto G. Torterolo ilustra o disco con imaxes que parecen sacadas da vida do seu tío pero que asemade tamén son moi representativas da Galicia rural de hoxe en día, onde moitas persoas maiores esmorecen sen querer participar na suposta modernidade. Como foi o proceso de creación da banda deseñada, foi creada unha vez compostas as cancións ou creáronse en paralelo?

Desde o começo do projecto tinha na cabeça a necessidade de que o ouvinte nom nos escoitara só como um disco-reuniom-de-cançons. O "Desconhecido" cantava uma história. Queria que a gente se sentasse, pugera o disco e escoitasse. Entom, chamei ao Ernesto com a ideia de fazer um album ilustrado, onde cada tema musical dialogasse com as ilustraçons, e a gente puidesse ler e ouvir ao tempo. Quando chamei a Ernesto tería compostas 7 cançons -como maquetas-. Mas ao pouco tempo, Ernesto e eu vimo-nos em Ponte-Vedra e ambos ansiamos um diálogo maior dentro das próprias ilustraçons. Assim naceu a banda desenhada. Assim naceu um novo formato ao que lhe chamamos cd-bd (e que, depois de muito buscar, nom atopamos nada similar no mundo editorial). Estamos mui orgulhosos do resultado, que se aproxima mais à linguagem audio-visual que à literatura tal e como a entendemos. Nom sei como foi a tua experiência ao lerouvir, mas penso que é, quando menos, diferente. Paga a pena provar, ou? 

Estamos a final de ano e a prensa pronto está saturada con listas de "o mellor de 2016". Adiántese e díganos que foi o que máis lle gustou da música  galega deste ano?

A música galega sempre viveu apartada no mundo. Sempre tivemos qualidade e quantidade tremenda, apesar das crises discográficas, musicais, etc... E é que em Galiza adoramos cantar e tocar, ou que? Este ano houvo muitas cousas... e venha logo, a molhar-se: Adorei o disco de Xabier Diaz e Adufeiras e tamén do Xosé Lois e Aliboria. Alegrou-me entusiasmado a volta de Malandrómeda. A força de temas como" Cedeira" ou "Tribu" da amiga Guadi. E de Sonia Lebedynski, que tanto compartimos, lembro com carinho o estilo naif de "Alumea". Adorei as Raíces aéreas e a voz potente e cheia de matizes da Mónica de Nut. Em música infantil Magín Blanco está a converter-se num autêntico mestre e voltou a deleitar-me, junto ao meu filho Lourenço com "Canta o Cuco". Incluo também as "Ecuacións" de Xoán Curiel. E à minha querida Paula em Agoraphobia que o petam polo mundo adiante... Sem esquecer também aos d'Abaixo e o lindo clipe "Espadela de Solveira" feito na Ilha de Sam Simón.

... E que mais? Pois ainda me falta por escoitar o Fake de Talabarte e o último de Ses... 

E de fóra?

No plano internacional, falar da volta de Radiohead. Gostei dos sons hipnóticos do piano em "daydreaming" e a revisom de "True love waits" nessa mesma onda. Agora mesmo ando escoitando muito o último de Emiliana Torrini com The Colorist. Adoro essa mestura sonando a electrónico sem ser. Adoro esta mulher. E nom sei... Seguramente agora de memória deixe esquecido algo por ai...

Como que?

E o pior do ano... está claro o qué Este ano foi o ano das marchas da boa gente. E na Galiza, deixou-nos o Narf... Mais se algo tem de bom a música, é que sempre estará com nós. No passado, no presente e no que seremos.

Berlai na sala Riquela
Berlai na sala Riquela
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1 Secto

Non son do BNG nen de frontes independentistas. E non é porque non senha soberanista. Declárome sen ambaxes, galeguista. O demais, depende. Son galego. Entendes?Sen ser do BNG cando nas Xerais sacou 40.000 votos en todo o país. Deles, ponhamos que uns 10.000 serán daquela maneira, cheguei a unha única conclusión. Son galeguista. Non me pidades máis. Xa bastante son. Creo eu. Vendo a paisaxe humana que hai, creo que non haberá queixa. Pero a irreductible tribo dos anacrónicos (parécese ás veces a EXTREMODURO). Non se parece a DEPECHE MODE, nin a THE CURE e un longuísimo etcétera. Parécese a un grupo heavy máis que anacrónico. Estamos no 2016. Mercareivos o disco. Xa vo-lo dixen: Son galeguista e axudo. Pero non me pidades que vaia canda vós.