Verdade dos Factos

Por Bernardo Ramírez | | 24/06/2010

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Já falei muitas vezes do quanto sinto a falta de qualidade nos media e o quanto isso me perturba. Não consigo explicar muito bem o que sinto, mas há muitos anos acredito profundamente que os media têm uma responsabilidade enorme social que muitas vezes driblam e recusam.

Lembro bem as aulas de comunicação e os debates que tínhamos sobre se os meios de comunicação social tinham ou não uma responsabilidade social, e acima de tudo pedagógica.

Para mim este quarto poder está rapidamente a caminhar para uma condição auto-simbólica e totalitária. Assusta-me a relação que os media têm com as empresas, a forma como informam e apresentam os temas, e as relações de poder que existem entre estes dois universos tão próximos.

Quem já trabalhou de perto ou nestes meios sabe a facilidade com que se produz uma notícia sem verificação, ou como se consegue dar início a um movimento que depois se recusa responsabilidade.

Nas passadas semanas, nos media portugueses existiu um tema em particular que me perturbou e que me parece ser claramente a forma como hoje os meios de comunicação e os jornalistas se posicionam.

Surgiu uma grande polémica sobre o negócio entre a PT e a TVI. Particularmente o primeiro-ministro português foi acusado de ter conhecimento sobre o caso. Esta polémica deu lugar a um inquérito parlamentar. Que por seu lado deu lugar a um relatório, do qual era responsável um deputado do Bloco de Esquerda.

Este deputado afirmava categoricamente que tinha existido má vontade por parte do primeiro-ministro, e o primeiro-ministro afirmava que nunca tinha faltado à sua palavra. E as notícias desses dias apenas informavam isso: o conflito. Uns a colocar o ênfase na posição do primeiro-ministro, outros no do relator.

Mas não assisti (e pode até ter existido) nenhuma notícia onde efectivamente o jornalista tivesse se dado ao trabalho de estudar o problema e de dar uma informação fidedigna. Por exemplo: os dois discordam por isto e por aquilo. Aconteceu isto e aquilo.

Sem explicação, como foi o caso, e como quase sempre é, as pessoas sentem a necessidade a tomar partidos, sem reflectir, e promove-se um movimento irracional de conflito.

E por vezes esse é o maior problema dos media, promover estereótipos negativos, promover o conflito e a oposição. Estes são a favor estes são contra...

Não será necessário, àqueles que entram na nossa vida todos os dias, tomar uma atitude mais séria, mais fundamentada e mais responsável?

Os media precisam de agir com responsabilidade, e acima de tudo uma responsabilidade social e ética, e também serem responsabilizados pelas consequências sociais dos seus actos.

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Bernardo Ramírez Bernardo Ramirez nasceu en 1974 en Faro. É apaixonado pelos seres humanos e pela vida. Formou-se em Constelações Familiares e em Constelações Organizacionais. Desenvolve em parceria o projecto “ Pedagogia Sistémica” (porque o sistema escolar representa o futuro). Tem um portal onde fala das Constelações, da Comunicação e da Tecnologia. Tenta ser estudante permanente e interessa-se por temas de Desenvolvimento Humano, da Comunicação e pela Tecnologia em geral. Formou-se em Comunicação e Novas Tecnologias.