Artigos de Ramón Varela

A quem votar?

Ao formular a pergunta, a quem votar? pareceria que damos por suposto que devemos ir votar, mas isto é o que há que clarificar em primeiro lugar. Hoje o fastio e o nojo pela incompetência e a corrupção na política estão tão amplamente estendidas na sociedade espanhola que seguro que muitos se perguntarão se devem abster-se para que não se entenda que apóiam um sistema caduco e decrépito. A respeito desta atitude devemos dizer, em primeiro lugar que quiçá não lhes afete muito aos responsáveis deste desaguisado. Quem não têm vergonha para criar um modus operandi para apropriar-se do dinheiro das arcas públicas não se vai ruborizar porque os cidadãos acudam a votar em menor quantidade.

A ideologia de gênero como facto antinatural e bomba atómica

Os bispos andam revoltos e não cesam de lançar-nos preságios apocalípticos, esta vez contra uma lei aprovada pelo parlamento de Comunidade de Madrid sobre a sexualidade, denominada “Lei de Identidade e Expressão de Género e Igualdade Social e Não Discriminação”, LGTBfobia, da Comunidade Autônoma de Madrid.

Festejo a Carvalho Calero

A RAG decidiu dedicar o Dia das Letras Galegas 2017 ao escritor ourensão Carlos Casares Mourinho (1941-2002), uma pessoa para mim cordial, em todos as ocasiões em que tratei com ele.

Brexit: causas e sintomas

A votação do dia 23/06/2016 na Grã Bretanha foi histórica pelas conseqüências que pode produzir na UE e na economia global. Os mercados mantinham certa calma porque consideravam que não se produziria o tsunami britânico. Ante este evento, os políticos espanhóis apressaram-se a botar-lhe a culpa á direita e aos populismos, como é o caso do PSOE; ao imobilismo, populismo e nacionalismos, no caso de Rivera; á crise e á carência duma união mais estreita, como no caso do PP; á uma Europa injusta e insolidária, no caso de Podemos. Alguns políticos culpam do problema á democracia mesma, como é o caso de Pedro Sánchez, que manifestou que “isto ocorre quando se consulta á cidadania”, ocorre por trasladar-lhe á cidadania problemas que devem resolver os políticos; Rivera bota-lhe a culpa ao referendo secessionista, e Rajoy declara que isto ocorre por trasladar-lhe á gente decisões difíceis. “Somente se devem fazer em circunstâncias mui excepcionais porque para isso estamos os governantes, não para trasladar-lhe as decisões difíceis á gente".

Os mercados e o sistema extrativo

Quando ainda quem escreve lecionava nas aulas, os alunos/as perguntavam-me por vezes quê é isso dos mercados. Eu respondia-lhe que o mercado em realidade somos todos, porque quando um investe algum dinheiro já é parte da armação que se conhece com o nome de mercado. Mas que esta resposta, coincidente com a que propalam os corifeus da oligarquia, diz mui pouca cousa, porque, ainda que isso é certo, isso não indica que as pessoas participem ativamente dalgum modo, nem direta nem indiretamente na gestão desse mercado.

Saturnização da esquerda filoespanholista galega

Saturno, deus romano da geração, dissolução, abundância, riqueza, agricultura, renovação e libertação, corresponde ao grego Cronos, símbolo do tempo, do eterno nascer e perecer das cousas.

O medúlio ganadeiro

O ano 22 a.e.c. teve lugar no monte Medúlio o último capítulo duma batalha entre os guerreiros galegos, cântabros e astures contra as legiões romanas ao mando de Caio Fúrnio e Públio Carísio e no que os últimos resistentes se suicidaram para não cair em mãos dos inimigos romanos. O historiador romano dos s. I e II, Lúcio Aneo Floro oferece o seguinte relato deste episódio: “Por último teve lugar o assédio do Monte Medúlio, sobre o qual, depois de cercá-lo com um fosso contínuo de quinze milhas, avançaram a um tempo os romanos por todas partes. Quando os bárbaros se vem reduzidos á extrema necessidade, em meio dum festim, deram-se morte com o lume, a espada e o veneno exprimido da árvore teixo. Assim a maior parte liberaram-se da catividade, que a uma gente até então indômita parecia mais intolerável que a morte.” (MARTINO EUTÍMIO, Roma Contra Cántabros y Astures. Nueva Lectura de las Fuentes, Editorial Sal Terrae, Santander, 1982, p. 32). Ante uma situação desesperada, estes guerreiros preferem a morte a um mal que se apresenta como inevitável e que seria ainda pior que ela, como é ser reduzidos a escravos dos romanos.

Sem partido instrumental, sem grupo e com minifúndio político

Os organizadores da candidatura Em Maré para o 20 D, não foram capazes de articular com tempo uma candidatura para os comícios que pudesse ser elegida numas primarias pelos militantes e simpatizantes das formações afetadas. Botaram-lhe a culpa á escassez de tempo e, alguns inclusive afirmaram que a culpa a teve o BNG que não deu decidido com presteza a sua participação, apesar de que o BNG tinha disposto com muita antelação como participar, mas os de AGE não se davam decidido. Alguns dos membros destacados das Marés também lhe botaram a culpa á falta de tempo o não poder constituir um partido instrumental, que era já o que o BNG lhe propôs para as eleições do 20 D.