Artigos de Ramón Varela

Loa à hispanidade

Os políticos espanholistas não têm recato nenhum em distorcer o relato da conquista de América até limites que raiam com o ridículo e que denotam uma falta total de pudor intelectual. Pablo Casado tem afirmado que “a Hispanidade é a etapa mais brilhante da história do homem”. É sintomático que nenhum político o desacreditar publicamente por estas arroutadas totalmente sem sentido, que desautorizam publicamente como um fala barato a quem as pronuncia. É louvável que alguém pretende insuflar ânimos numa cidadania desanimada polos escândalos de corrupção em todos os estamentos da política espanhola, mas isto não se consegue com uma idealização utópica dum passado inventado para consumo interno de incautos e desinformados. Como necessitam este caldo de cultivo para tapar as próprias vergonhas, negam-se a pedir perdão pola comissão dum autêntico genocídio na América.

Independência e imparcialidade da justiça

Entendo que o advogado de Puigdemont, Gonzalo Boye, é uma pessoa lúcida, que nos brinda nos seus artigos uma visão do direito penal que considero, em termos gerais. acertada, mas não posso compartir a filosofia política de algum dos seus últimos artigos, nos que trata de persuadir-nos de que o problema da justiça é Espanha não é a sua independência, porque “cada juiz, individualmente considerado, é, sem dúvida, independente para tomar as decisões que, conforme a direito, considere que deve tomar; são independentes porque têm assegurada, entre outras cousas, a inamovilidade”.

Renúncia do bispo Xavier Novell

O bispo de Solsona Xavier Novell apresentou a renúncia ao seu cargo como bispo de Solsona ao papa Francisco, que a aceitou. Agora aclara-se que obedece a que mantinha relações com uma mulher divorciada e com dous filhos. Neste caso temos que focar por uma parte uns determinados factos pessoais e por outra a reação da máxima hierarquia eclesiástica perante eles.

Democracia e direitos humanos e (V)

A repressão contra os políticos catalães parece não ter limites. Em dezembro de 2019, Quim Torra é condenado a uma pena de inabilitação de ano e médio por negar-se a cumprir a ordem da JEC de que retirasse os laços amarelos. A este respeito declara Martin Pallin em 19/11/2019: colgar um laço amarelo “não é um delito de desobediência, não é um tema do direito penal; é uma questão do contencioso-administrativo”. “Torra não cometeu um delito de desobediência”.

Democracia e direitos humanos (IV)

Em 27/10/2017 o governo decide intervir as instituições catalãs implantando o artigo 155 da CE, mas os nacionalistas catalães saem airosos das eleições programadas para dezembro de 2017. A essa altura o fiscal geral do estado, Mazas, toma uma decisão que pode ter enormes repercussões no devir judicial do procés. Decide marginar o “juiz natural”, o “juiz ordinário predeterminado pola lei” e encomendar ao TS o falho da sentença contra os políticos catalães imputados no procés. Desta maneira podem controlar melhor o veredito final, porque tratam com um tribunal controlável e permeável aos interesses dos partidos unionistas. Como disse o ex-letrado do TC, Joaquim Urias, do que se trata é de salvar a unidade de Espanha além da lei. Em vez de cumprir os políticos o seu labor de solucionar os problemas políticos, transferem-lhe este cometido ao TC, que deve proibir qualquer referendo incluso consultivo, e impede que no mesmo Parlament se possa falar, incluso sem efeitos jurídicos, de qualquer questão relacionada com o direito de autodeterminação do povo catalão, sentando assim, naturalmente, as bases da democracia plena!

Colonialismo dos povos e das instituições

O colonialismo pode realizar-se por parte duns povos sobre outros ou do poder político predominante sobre as instituições, que têm em comum a perda da sua autenticidade e a míngua dos interesses da maioria social.

O CdE repreende a Espanha e Turquia

Seguramente os espanholistas de pro não gostarão de ver-se equiparados com Turquia, como faz o Conselho de Europa no informe 2381 (2021), que o governo de Sánchez se atreveu a rejeitar, se bem suponho que seria para consumo interno porque não tem nenhuma razão fundada para fazê-lo.

O galego tem conotações políticas!

Todo um catedrático de universidade, ex-presidente do CCG e membro numerário da RAG, Ramón Villares, vem de declarar o 21/05/2021 que “os rapaces deixam de falar galego pola conotação política que tem”. Toda uma vida dedicada à investigação histórica permite-lhe fazer semelhante declaração sem ruborizar-se e oferecendo-se ao mesmo tempo como modelo a seguir. Como todo investigador está sempre disposto a justificar as suas afirmações, nós já estamos inquietos e expectantes para conhecer os dados que lhe permitem amestrar-nos desse modo, e seguro que algum dia destes já os entrega. Por isto, só vou especificar que é o que quero que me aclare.