Sánchez oferece o ovo, mais não o foro

A solução do problema catalão está enquistado porque o Estado não amostra vontade nenhuma de resolvê-los senão que se limita a dissolvê-lo, dilatando qualquer solução no tempo à espera de que este problema. provocado por um TC patrioteiro e irregularmente constituído, se evapore com o passo do tempo. É um problema que tem difícil solução, não polo tema em si, senão polas vicissitures nas que se move a política na Espanha borbónica, que lhe atribui o valor supremo à ideia da sacrossanta unidade da pátria, de soberania única e indivisível.

Por Ramón Varela | Ferrol | 24/02/2022 | Actualizada ás 11:35

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Vemos como no Reino Unido e no Canadá os povos votaram e o problema dilui-se polo menos temporalmente, pois soluções eternas não existem, mas na Espanha, se um povo pretende autodeterminar-se o espanholismo rampante organiza exaltações de espanholismo para sufocar esta pretensão a maior das heresias, apesar de tratar-se dum direito democrático recolhidos nos textos da ONU.

O presidente do Goberno, Pedro Sánchez, á súa saída da reunión co president da Generalitat no Palau da Generalitat
O presidente do Goberno, Pedro Sánchez, á súa saída da reunión co president da Generalitat no Palau da Generalitat | Fonte: David Zorrakino - Europa Press

Tanto Rajoy como Pedro Sánchez se amostraram verbalmente dispostos a resolver o problema catalão pola via do diálogo, que com Rajoy se demostrou como uma pura farsa e Pedro Sánchez vai polo mesmo caminho. Espanha, um dos poucos países que não reconhece independência de Kosovo, por aquilo de “quando as barbas do teu vizinho vexas...” é um país que carece da cultura democrática suficiente para abordar este problema. Alguns meios forâneos, desconhecedores do que passa no interior do Estado espanhol, catalogavam a Espanha como uma democracia plena, que os políticos espanhóis difundiam profusamente e aproveitavam para dar-se um verniz de modernos e atuais. Mais isto demostrou-se que era uma farsa e agora têm que contemplar como esses mesmos meios reconhecem que Espanha é uma democracia defeituosa. Mas, de que outra maneira se pode qualificar um pais que tem um chefe de Estado imposto por um ditador, e que, além de ter-se que demostrar por meios estrangeiros que era um corrupto impenitente e sem escrúpulos, os políticos do Régime do 78 impedem que se investiguem as suas ações e fazem todo o possível para que se vaia de rosinhas sem ser julgado polos seus atos? De que outra maneira se pode julgar a um país que carece de separação de poderes, que não é capaz de renovar o CGPJ porque alguns partidos querem aproveitá-lo para sacar proveito das suas sentenças tendenciosas e favoráveis aos seus interesses? De que outro modo se pode se pode ajuizar um país que é totalmente insensível às demandas das diversas nações do Estado e que aproveitam as leis orgânicas para minguar as suas competências? De que outro jeito se pode ajuizar um país tem uma constituição defendida por militares? ...

O patrioteirismo espanhol, por meio duma magistratura dócil aos seus interesses, foi o culpável de que no Estado espanhol existam línguas de primeira e línguas de segunda, línguas favorecidas polo poder e línguas permitidas de má ganha, como se demostrou quando se debateu a li do audiovisual, momento em que se pôs de manifesto que, segundo Sánchez, os negócios há que fazê-los em espanhol e as outras línguas deve ficar para andar por casa e não para dar-lhe lustre ao exterior. O TC foi o culpável de vaziar de competências os estatutos de autonomia, amparando-se num TC muito sensível aos seus interesses, e finalmente, dando-lhe a estocada a todos os estatutos com a sua sentença de 2010 que elimina a condição de que um estatuto só tem validez se é votado polos seus cidadãos.

De aqueles barros, estes lodos. O presidente Sánchez tem muito pouco que oferecer, porque a via estatutária vigente ficou sem valor, e os políticos espanhóis não têm agalhas para propor um sistema político que dê segurança legal ao sistema político autonômico. Têm que propor algo distinto do atual, porque este foi invalidado por eles mesmo no seu anseio absorvente de controla-lo todo desde Madrid. Então o Sánchez limita-se a dar-lhe largas, a intentar que o seu mal-estar dos catalães se vaia calmando, pretendendo assim solucionar o problema com algumas melhoras económicas e sem retocar o sistema político de fundo, que é o problema da autodeterminação dos povos, noutra palavras, engrandecendo um pouco o ovo atual, mas deixando o foro intocável. Disso deriva como corolário, a propaganda de Pedro Sánchez em contra do direito de autodeterminação dos povos, declarando-o como desfasado e próprio do século XX ou do XIX, porque o moderno e atual é que uns povos decidam por outros, e, a ser possível, Espanha por todos.  

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