Cazando bruxas con Sechu Sende

O escritor e colaborador do GC, Sechu Sende, presentou este martes o libro ‘O Caçador de Bruxas’, editado polo Café-Bar 13 de de Compostela. GC adianta algunhas partes da obra. Vídeo da presentación no interior.

Por Xurxo Salgado | Compostela | 28/12/2011 | Actualizada ás 11:17

Comparte esta noticia

O libro foi presentado no Café-Bar 13, local que tamén xa editou outro libriños de Carlos Santiago, Marga Alborés, Carlos Meixide, ou Raquel Miragaia. É unha historia curta sobre a defensa da liberdade de expresión, sobre o poder da creatividade, a importancia da cooperación e a solidariedade cuando o inimigo é o fascismo.

É un relato de menos de 50 páxinas que conta a historia de Milo Chaos, un galego que marchou para os Estados Unidos e acabou compartindo un momento da historia con Frank Sinatra, Dashiel Hammet ou Gene Kelly nos tempos da caza de bruxas do Macarthismo.  

Queimada

A presentación, este pasado martes, encheu o 13 e contou coa participación de numerosos amigos do escritor, como Carlos Santiago, que mesmo se animou a recitar en barallete. O acto, como non podía ser menos, rematou cunha queimada e un esconxuro contra todos os fascismos e fascistas que aínda perviven na sociedade. Velaquí o vídeo:


GC ofrece un pequeno adianto do libro que podedes atopar no Café-Bar 13 de Compostela ou en distintas librarías do país.



O CAÇADOR DE BRUXAS

 
- Soam-che os Dez de Hollywood?  Negarom-se a declarar sobre as suas filiaçons políticas,  estavam no seu direito.... Reivindicavam o direito a pensar livremente! Mas forom condenados a penas de cadeia por desacato ao Congresso. Daltom Trumbo, Adrian Scott, Ring Lardner... Ring fora o guionista de Woman of the year, chegara a incluir no argumento a possibilidade de que as mulheres valem tanto como os homes... Isso deveu-no fazer suficientemente perigoso. E os irmáns Epstein, que ganharam o Óscar por Casablanca, forom denunciados porque, segundo se aduziu, nos seus filmes os ricos sempre faziam de maus e isso era ir contra o capitalismo. E nom só foi o governo.... Hollywood represaliou muita gente. A própria indústria, a Metro Goldwin Mayer especialmente, volveu-se contra si mesma.

 

A princípios dos 50 a Lista Negra depurou trabalhadores a todos os níveis: artesáns, operários, actores e actrizes, guionistas... McCarthy e os capitostes de Whasington si, foram ferozes com a discrepância, mas foi gente que tinha a sua casa neste val quem actuou com mais cobardia, frialdade e falta de escrúpulos. Meyer, o da Metro, o primeiro. E Disney, Walt Disney tamém estava entre os mais ruins!

 

Em 1999 ainda fum a umha manifestaçom contra Elia Kazan, quando se atreverom a lhe dar um Óscar ao conjunto da sua carreira. Kazam foi um soprom, um chivato, que no 52 lhe deu os nomes de muitos companheiros ao HUAC. Um delator, nom me saía a palavra. Delator. Que nom falte essa palavra.

 

E o cabrom recolheu o Oscar e nem sequer se desculpou, nom pediu perdom. Pois aló estava eu às portas do Coliseum Theatre a noite dos Oscars a berrar contra o feixismo com a mesma intensidade com que berrara contra Franco sessenta anos antes. Mira.

 

E Milo tirou a sua carteira dum peto do pantalom e mostrou-me umha foto do L.A. News que sinalou com o dedo:

 

- Este de aqui som eu...

 

E aló o estava, Milo Chaos, numha máni, entre muita gente, com raiva nos olhos e um cartaz nas maos que ponhia: Kazam say sorry!

 

Umha das primeiras decisons do Comité para a Primeira Emenda foi organizar umha bolsa de resistência. Começaram as represálias, quem fosse minimamente suspeitoso de simpatias comunistas era despedido do seu trabalho, das produtoras, de empresas que trabalhavam para a indústria, de jornais... Como se rumorejasse que alguém pensava de forma diferente... Diziam: … antiamericano, é amigo dos comunistas, nom é de fiar... E se te despediam já ninguém che dava trabalho.

 

Solidariamente, a gente mais conscienciada da indústria começou a entregar dinheiro para os companheiros represaliados, cada quem o que podia, havia muita generosidade. Desde o electricista ou o carpinteiro à estrela melhor pagada. Houvo quem chegou a doar cem mil dólares. Total, que reunimos umha bolsa de resistência com fundos suficientes como para poder suportar, com muito esforço, a Caça de Bruxas.

 

Repartíamos os cartos entre os camaradas que iam ficando sem trabalho, pagávamos os avogados dos que eram levados aos tribunais... Mas aginha nos demos conta de que essa ajuda humanitária molestava de mais a McCarthy e os seus.

 

Soubemo-lo quando interrogarom a Marc Blitzstein, um guionista, e lhe perguntarom insistentemente quem e onde se guardava o dinheiro. O dinheiro, daquela, estava na caixa forte do local do sindicato de guionistas. Marc nom se fora da língua mas nom tardaria em faze-lo alguém...

 

Foi nessa altura quando tivem aquela  ideia.

 

 Ocultar o dinheiro no meu armazém. Propugem-lho ao que daquela estava na presidência do sindicato, Hugo Butler.

 

-Esse vai ser um dos primeiros lugares que vam registrar, dixo ele.

 

- Ahá, mas nom vam dar com o dinheiro. Confia em mim!

 

Gene Kelly, Hugo Butler e mais eu passamos umha noite a guardar bilhetes de mil nos mangos e nas varas dos 220 paráguas. 220 paráguas com 500 mil dólares. Ninguém mais sabia do esconderijo.

 

A CIA, duas semanas despois, entrou no meu armazém e puxo tudo patas arriba, mas por muito que lhes cheirasse a dinheiro, nunca derom com el.

 

 

...

 

 

Milo Chaos bebeu um grolo da copa e olhou o céu, mais umha vez. Eu fiquei em silêncio.

 

- A ver, poeta, ainda nom lim nada do que escreves. Nom terás por aí um poema dos teus?

 

- Um poema?

 

- Digo eu, nom? Nom tes nada por aí?

 

 Tinha. Tinha um texto que escrevera a noite anterior.

 

- … um rascunho... de ontem á noite. … para o meu próximo livro.

 

- Bravo!, -aplaudiu Milo-, falas como um poeta de verdade: O teu próximo livro! Venha, lume!

 

E lim:

 

Mulheres com livros na cabeça

 

As mulheres apanharom os cestos e saírom à noite em silêncio. Havia doce mulheres. Poderia dizer-che os seus nomes. Todos os nomes levavam a letra A.

 

Havia muitos livros na biblioteca, mais de mil, diziam. Para um lugar como o nosso eram muitos livros.

 

Havia livros, revistas, jornais, e muitos papeis. Eu escoitei que havia que esconde-los porque em todos aparecia escrita a palavra liberdade.

 

Nom podiam sacar um carro e carrega-lo porque nom era seguro. O fungar do carro! Tu escoitaches algumha vez um carro fungar?

 

 Pois a biblioteca havia que saca-la de ali em segredo. Havia que faze-la desaparecer.

 

E as mulheres eram silenciosas.

 

Pugerom panos nas cabeças, os cestos sobre os panos e nos cestos, livros. Um encima de outro. Acordo-me bem. As colunas de livros sobre as cabeças das mulheres.

 

Eu era um meninho e lembro-as com as colunas de livros, em fila, atravessando a noite. Era como um sonho. Doce mulheres caminhando em silêncio com cestos de livros na cabeça. Nom sei como podiam manter o equilíbrio, os livros sobre as mulheres. E as mulheres debaixo dos livros.

 

Trasladarom os livros durante toda a noite. Figerom muitas viagens, as doce mulheres com colunas de livros na cabeça. Os livros erguiam-se cara ao céu.

 

Ninguém mais que elas soubo nunca onde enterraram a biblioteca. A biblioteca que levaram na cabeça.

 

Eu, que era mui meninha, aquele ano quigem aprender a levar cestos na cabeça e a ler.

None

Comparte esta noticia
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
Comenta
Comentarios 33 comentarios

1 Manoliño

¿Seica foi publicado sen subvención? XD

1 Trulo

Non che sei, pero pondo por exemplo o seu Made in Galicia penso que moita non lle fai falta, porque aquí nesta CA vende ben. En todo caso, é claro que os libros e a cultura deberían ser regulados polo mercado, o que non venda e non saia rentable non se publica e punto. Todos máis contentes e así deixamos de crear cultura que non sexa pras masas e que estea nunha lingua non maioritaria.

2 Antón

Se cadra e millor subvencionar as fascistas FAES ou a fundación Francisco Franco, prós fascistas a uneca cultura valida é a da morte. Cecais non lle viña mal a un deses sempre dispostos a invadir Polonias que soupesen o peso da cultura no PIB ou o bó pra saúde mental dunha sociedade o que representa a cultura.

3 Manoliño

Trulo, non lle fará moita falla, pero aquí ninguén renuncia á subvención. Os da Zeja galega para ter credibilidade e non aparecer como paniaguados, tiñan que firmar un escrito no que se comprometeran a non ocupar cargos ou facer traballos remunerados cando goberne o SOE-BNG, pero como son ladróns de luva branca, nin de coña, ¿verdade Antón? ¿Como era aquelo? Todo por la pasta, snif, snif, todo por la nariz...