Por ENGALIZA | GC ABERTO | 30/04/2016
De facto, este processo de alargamento que começou com a criação da Euratom e da CECA e a assinatura do tratado de Roma no 1957; onde foi marcado o começo do que a dia de hoje é a União Europeia; e que junto ao conhecido como plano Marshall para a reconstrução da Europa, foi um caminho na procura do livre comércio, ao tempo que estendiam as liberdades individuais e sociais e iniciou-se a procura de um maior bem-estar para os estados que aderiam ao processo de construção de um mercado comum na Europa. Entre tanto este processo estava a decorrer, produzir-se-ía a queda do bloco soviético e uma reconfiguração das relações internacionais, passando de um mundo claramente bipolar, com dois grandes blocos dominados: um pela extinta URSS e outro pelos EEUU; a um mundo onde os blocos regionais tomam uma maior relevância.
Neste processo de “restarted” do sistema internacional, temos que engadir a abertura e internacionalização da economia da China, dentro de um processo de globalização já não só mercantil, também cultural e de valores. Este será um facto fundamental para as relações internacionais durante as próximas duas ou três décadas do século XXI e que levará a uma outra configuração do sistema-mundo, do que já nós falou o Wallerstein. Aparecem novos actores, como os estados que formam os BRICS. Estes formam um novo eixo dentro das relações internacionais, frente aos blocos regionais hegemónicos que desde finais dos 1980 lideravam o mundo: os EE.UU e a U.E. Agora o Brasil, a Russia, a India, a China e a África do Sul; economias emergentes e com grande potencial: em matérias primas, em mão de obra e em posição geoestratégica; querem ter o seu papel no mercado globalizado mundial e na globalização como fenómeno social e político. E é que é a China, dentro destas novas potencias economicas mundiais, a dia de hoje, a que já tem uma estratégia de alargamento da sua influencia no mundo e a que tem um plano de expansão económica mundial; que nos próximos anos, Xi Jinping, comandará como o novo “grande timoneiro”. O objectivo 2020 do governo chinês é liderar o mundo: tanto no nível geopolítico, como no comercial, como no financeiro. A estratégia para chegar a estes objectivos chama-se “One Belt, One Road”. Uma via de saída atravessando os estados rematados em “-ão”, cruzando eurásia e chegando via terrestre aos mercados europeus, com uma inversão estimada de 1,4 bilhões de US$, chamada a “nova rota da seda”. O passado dia 15 de Fevereiro do 2016 a linha de mercancias desde Yiwu, no este da China, chegava a Teerão, um trajecto de quase 10,500 km e que leva 30 dias menos que a viagem marítima. Uma nova rota da seda que forma um eixo geopolítico entre a China, a Rússia e o Irão e que afectaría ao 70% da população mundial e que o seu percurso passa por perto do 75% das reservas energéticas de origem fósil mundiais conhecidas. Ademais, a China alonga esta estratégia, juntamente com a criação do Banco Asiático de Inversões, com uma reserva inicial de 50.000 milhões de US$, um verdadeiro competidor das estruturas financeiras mundiais que comandaram o mundo nas passadas décadas: o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. A existência desde novo marco internacional, leva aos EE.UU e aos seus aliados da Europa, a ter que agir para travar os planos de alongamento da influencia China no mundo. É neste marco internacional que temos que situar o acordo do TTIP entre os EE.UU e a U.E. No mesmo marco onde o Barack Obama exclui à China do acordo TTP trans-Pacífico e no mesmo marco onde nunca, desde a II Guerra Mundial, a “Navy” dos EE.UU tinha tido destinada tanta frota naval no mar da China.
O TTIP, pois, não é unicamente um tratado de livre comercio, é uma estratégia de criação de alianças, entre os EE.UU e a U.E, num novo marco internacional. O TTIP significa, finalmente, a criação do segundo maior mercado mundial depois do chinês em numero de habitantes e o primeiro em renda per capita. Umas estratégias, que aínda e tudo, não eliminam possiveis e necessarias parceiras entre a China e os seus competidores e as estratégias de governança mais globais dentro dos planos de desenvolvimento marcados na Agenda 2030 das Nações Unidas e os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que foram fixados pela Assambleia Geral da NU. O TTIP:
* Daniel Lago é membro da Exitiva en Vigo de Compromiso por Galicia e tamén do CPN
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