Tetas

E quantas seriam? Pois umhas trinta. Entrarom pouco a pouco e encherom o bar. O tipo deveu flipar ao ver tantas mais juntas. Bem, eram trinta mulheres e, claro, trinta bebés.

Por Séchu Sende | Compostela | 07/12/2011

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O tipo deixou cair umha das suas estupideces, suponho que já cheirava algo:
 Vaia, hoje isto em vez dum bar parece a sala de espera de pediatria.

Começou a servir, com a mosca detrás da orelha, claro, olhando o panorama, desconfiado. O caso é que quando entrei eu já se deu conta de que ali passava algo e puxo-se á defensiva, E tu que fas aqui? Dixo-me enfurrunhado.

Sentei onde o balcom e pedim: Quero umha água natural. E saquei a teta.

E ao saca-la eu, as outras trinta mulheres sacarom as tetas e pugemo-nos a dar-lhes de mamar ás crianças.

Vinte e tantas, trinta tetas, tetas grandes e pequenas, brancas e morenas, com aureolas e mamilas de todas as cores e tamanhos. Tetas, tetas e mais tetas.

O tipo deu um passo atrás, abriu a boca e os olhos, abriu muito os olhos, eu pensei que ia reventar, puxo-se todo encarnado, estaba sulfurado, pensei que reventava, os olhos abertíssimos, saía-lhe fume polas orelhas.

Porque era um desses tipos que imaginas perfeitamente soltando umha óstia porque si, um tipo nojento, um machista de primeira.

E ali o estava, flipando. Eu penso que com tanta teta, com tanta mulher junta, o tipo assustou-se. Acovardou-se. Foi ter no bar, de súbito,  trinta mulheres e trinta tetas de fora e o tipo achantou, foi algo superior ás suas forças, aquilo superou-no. Baixou a cabeça.

Ademais, estavamos todas a olha-lo fixamente, em siléncio. Havia um siléncio no bar como nunca antes eu escoitara, um siléncio tenso. E claro, dentro daquel  siléncio podias ouvir algumhas tetas a serem sucionadas, chup, chup, polas crianças.

Havia-che muita tensiom no ambiente, como no final dum western.

O tipo pensou-no bem, e colheu e serviu-me a água mineral, sem olhar-me os olhos, sem se atrever a dizer nem pio.

Que aprenda. A ver se aprende, o cabróm.

Onte  entrei  eu no bar tranquilamente, pedim umha água, sentei numha esquina do bar para dar-lhe o peito á nena,  e o tipo achega-se e di-me susurrando:
Nom pode fazer isso aquí.

E eu:
A minha filha tem fame.

E vai o tipo e repite:
Isso é umha indecéncia. Nom sejas maleducada. Nom quero espetáculos no meu bar. Ou deixas de fazer isso ou ponho-te fora. Nom che dá vergonha?

Vaia, pensei, dei com um desses tipos que olham a teta dumha mai a amamantar um bebé  com a mesma inteligéncia e sensibilidade com que olha as tetas das revistas porno.

No bar havia duas persoas mais, dous senhores maiores. Eu figem como que nom escoitava, mas o tipo achegou-me o seu alento e berrou:
Nom escoitas, ou! Venha, venha!

O tipo estava fora de si, olhei a sua iugular inchada a um palmo dos meus olhos, a nena começou a chorar.

Fora do bar agora mesmo!

Erguim-me e marchei, na porta chamei-lhe machista e chamei-lhe cabróm.

Agora si que estava caladinho, rodeado de tetas. Bebim a água tranquilamente, a pequena deixou de chuchar na teta, saciada, o siléncio tenso foi-se desfazendo,  algumhas mulheres falavam entre elas, com as tetas de fora, amamantando.

O tipo estava a tragar um sapo grande. Baixava-lhe pola gorja, como pola gorja dumha cegonha.

Logo do último grolo guardei a teta, as mulheres meterom as tetas dentro, umha, duas, tres, quatro, trinta tetas e, sorrindo-nos, saímos.

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Séchu Sende Séchu Sende, professor de língua e literatura, escritor e domador de pulgas no Galiza Pulgas Circus, a sua última obra é Animais, Editorial Através, 2010. O seu livro de relatos Made in Galiza recibiu o prémio Anxel Casal ao melhor livro do ano 2007 e foi considerado o melhor publicado em língua kurda em 2010.