Ranking de monstros

- Sonhaches hoje? perguntei-lhe á minha filha durante o almorço. - Sonhei, com um home de trage e gravata a plantar sementes nuns vasinhos de cristal.

Por Séchu Sende | Compostela | 23/02/2012

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A minha filha tem once anos
e já sabe mesturar a realidade com a ficçom.
- Quem era?
- Um monstro.
A minha filha tamém sabe que os urcos de Tolkien
nom existem e já nom cre no home lobo 
nem no Cancerbeiro.
 
- Esse home é o primeiro no meu ranking de monstros,
dixo misteriosa, e botou azúcar no leite.
- Pensei que eram os zómbis.
- Já nom, os zómbis som passado. Sabes, nom existem.
Quando era pequena 
cria que os monstros de mentira existiam realmente
e agora dou-me conta de que há gente
que nom cre nos monstros de verdade,
nos verdadeiros monstros, 
dixo a minha filha de once anos.
 
Fiquei em siléncio, com o café na língua.
Pensei que o monstro que mais temia 
a minha filha seria um desses que nem sequera
o telejornal pode ocultar.
 
- Queres saber quem está de segundo no meu ranking
de monstros?
- Por favor.
- A polícia antidistúrbios. Tenhem mais imunidade
que ningum outro monstro,
vam armados e podem golpear gente maior,
homes e mulheres desarmados, 
menores de idade 
e tenhem o apoio do governo.
Assi vai ser difícil acabar com eles,
dixo a minha filha,
Aínda que nom imposível. 
E continuou falando:
 
- A policia é o braço armado
da violéncia de Estado..., dixo.
Ou isso lim num dos teus livros
de banda desenhada.
 
- E quem era o home do teu sonho? perguntei.
- Os antidistúrbios som urcos descerebrados
e obedientes. 
O primeiro no meu ranking de monstros 
é o home que da as ordes
com trage e gravata
desde umha oficina do governo.
Os piores monstros som os que nom
o parecem.
 
Ergueu-se e levou a taça ao fregadeiro.
 
- Quando sonho com el sempre o vejo
sementando sementes 
nuns vasinhos de cristal
e olha para mim, sorri e ás vezes di-me:
- Som sementes de terror.
Ou di-me: Som sementes de indiferéncia.
Ou di-me: Para que tenhades medo
a pensar de forma diferente.
Ou di-me: Nom lho digas a ninguém.
 
Já ves que nom lhe fago muito caso.
E agora vou-me para a escola.
Hoje toca-che a ti lavar a louça.
Passa-o bem.
 
Vaia, pensei, e fixem glubs,
E dixem para mim: Cada dia medram antes.

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Séchu Sende Séchu Sende, professor de língua e literatura, escritor e domador de pulgas no Galiza Pulgas Circus, a sua última obra é Animais, Editorial Através, 2010. O seu livro de relatos Made in Galiza recibiu o prémio Anxel Casal ao melhor livro do ano 2007 e foi considerado o melhor publicado em língua kurda em 2010.