Por Miguel R. Penas | Compostela | 22/12/2011
Com esta frase, há já vários anos, um bom amigo meu conseguiu sintetizar o cerne do conflito que existe na Galiza a respeito da padronizaçom e normativizaçom das nossas falas. A pessoa em questom era o professor Fernando Corredoira, e desde aquela conversa acho que esse é o argumento definitivo para usar em qualquer um destes debates: o argumento da escolha.
A vontade de ser é anterior às razões filológicas ou de qualquer outro tipo. Na Galiza as pessoas sensibilizadas no tema da língua participam desta escolha, em maior ou menor medida, desde a oficialidade ou desde o reintegracionismo, como horizonte ou realidade. Negando ou afirmando, mas sempre está aí: a escolha. E é claro que ambas focagens tenhem, ou terám, sempre suficientes argumentos como para que os seus defensores se considerem proprietários da razom última nesta nossa questione della lingua. Mas o certo é que tudo se resume na escolha, tudo é questom de vontade, de filosofia para a língua. De querer ser ou de nom querer ser. Assim de simples.
Umha vez que a escolha se torna evidente é a vez de analisar cada umha das focagens, em base a objetivos, praticidade, história, futuro, aceitaçom, competitividade... podemos analisar tudo. Mas é claro que cada umha destas duas filosofias mostrarám perspectivas diferentes, indicarám duas maneiras diferentes de entender a mesma língua. Reconhecer que estamos a fazer umha escolha, que depois argumentaremos, torna evidente a esterilidade do debate filológico junto da sua pouca utilidade.
E dentro desta escolha, há pessoas que sem renunciarmos ao nosso passado e às nossas raízes também nom queremos que nos roubem o futuro que desejamos para a nossa língua na Galiza. O novo discurso para a língua tem que chegar, e tem que beneficiar todos os galegos e galegas. Porque antes de fazer a escolha é bom pensar que é o que nos beneficia mais, que é melhor para a nossa língua, com que ganhamos mais.
Eu tenho claro qual é a minha escolha, tenho claro qual é o futuro que desejo para a língua que aprendi do meu pai e minha mãe, e dos meus avós. Porque como já falou umha outra das minhas melhores amizades, o enorme Suso Sanmartín, durante umha das suas viagens ao Brasil: “umha língua que chama minhocas às minhocas tem de ser a minha mesma língua”.