Sois uns imperialistas fracassados

(Dedicado a Suso de Toro com a minha admiração. Ainda nom está todo perdido) “E diríalles máis: Prohibíchedes o galego nas escolas para producir no espíritu dos nosos rapaces un complexo de inferioridade, facéndolles crer que falar galego era falar mal e que falar castelán era falar ben. Expulsáchedes o galego das igrexas, facendo que os representantes de Cristo explicaran o Evanxeo no idioma oficial, que o pobo non falaba nin comprendía ben. Refugáchedes o galego ante os Tribunais de xustiza e chegáchedes a castelanizar barbaramente as toponimias galegas. ¿E de que vos valeu? Porque despois de máis de catro séculos de política asimilista, exercida con toda riqueza de astucias e violencia, o noso idioma está vivo. Sodes, pois, uns imperialistas fracasados”. (.......) ( Castelao Sempre em Galiza)

Por Adela Figueroa | Compostela | 06/11/2017

Comparte esta noticia
Venho escutando, ouvindo e pensando no process catalão desde há muito tempo. Aliás , como suponho fazem a maioria das pessoas que habitam na Espanha.
E sempre a minha mente me devolve a esta cita do Sempre em Galiza de Castelao.
Pelo que eu penso isto pode ser válido para Catalunya. Creio que, na Galiza, ainda seria bastante duvidosa a sua afirmação. Somos um País vencido … Ou ainda nom?!
 As nossas forças estão muito reduzidas, e ainda bastante camufladas. Temos uma língua formosa, doce e cantareira com séculos de história escrita, falada e, ainda lida. Temos uma terra definida, mas como tudo bastante mermada. Afetada polo càmbio climático que a vai virando de mais a mais seca, diminuindo a sua viçosidade . Como o País em geral?
Pensemos que nom. Que ainda há hipótese de sobrevivência.
 
O povo catalão ensina-nos que nada é impossível se há vontade. Mas também se há povo. Precisamos estruturas sociais que nos façam cuidar da nossa Terra e da nossa cultura. Precisamos crer que somos capazes de defender a nossa língua e cultura milenária. Precisamos crer em nós mesmos como povo, como comunidade social.
 
A épica catalã de um povo confrontado as forças de ordem público para poder votar e que se soubesse a sua opinião creio que nunca se vão apagar da nossa retina. Que pode haver de mais democrático que pulsar a opinião popular mediante voto universal, público e secreto?. A Espanha isso nom o entende porque,como dizia Castelao está dominada por imperialistas fracassados. Eu estudei no bacharelato antigo( muito antigo) uma matéria que se chamava FEN ( Formación del Espíritu Nacional) O livrinho verde que conhecemos tantas gerações de espanholitos/as. Ainda tive de estudar o “ Fuero de los Españoles” e o Fuero del Trabajo”. De memória, como o catecismo. No primeiro havia uma cita que dizia “ Tenemos voluntad de Imperio. Afirmamos que la volundad histórica de España es el Imperio” ( Recito de cor porque ainda o lembro. Ficou gravado a sangue e fogo . Esta é outra historia para contar noutro momento).
 
Nalguns espanhóis nostálgicos do Franquismo isto ainda pode ser argumento. Creio que fica nos alicerces da massa geral de quem nos está a governar e de outros que pensam que são socialistas.
 
Eu vi por youtouve a roda de imprensa de Puig de Mont desde Bruselas. Aconselho vê-la a toda a gente que pretenda estar informada. Vi um homem jovem, culto, tranquilo, poliglota e desenvolto diante dos milheiros de médios que ateigavam a sala e que faziam mais e mais perguntas. Penso que foi um momento histórico. Um dirigente político encontrando um lugar com projeção internacional onde expor seus argumentos porque sabe que nesta Espanha nunca o poderia fazer. Denunciando a corrupção dum estado em que as redes clientelares dominam a política, em que as percentagens engordam os bolsos dos políticos ( Rajoi recebeu mais de milhão e meio de sobre soldos desde o 2009 até o 2011) e dando testemunho de que teme que a justiça não vaia ser imparcial e independente. A equipa de governo mais corrupta do Post Franquismo vai julgar e sustituir o governo de Catalunya. Viver para ver!!
Espanha tinha que imitar a Catalunya e nom revoltar-se contra dela. A Espanha democrata se é que ainda existe. Que o pensem as pessoas que se sentem o compromisso social na sua ética pessoal
 
Que preferem: Monarquia ou República?. Que preferem Monolingüismo castelhano ou plurilingüismo europeu?. Que preferem: uma sociedade estructurada como a catalana que soubo reagir contra as injustiças dos recortes económicos e sociais, ou uma sociedade rota, imóvel e  que nom pode defender-se dos abusos da classe política, como aconteceu na maioria da Espanha no des abrochar da Crise. Não estou dizendo que o povo da Espanha não seja solidário. O é e muito, como sempre acontece com os pobres. Mas na Espanha nom existem estruturas sociais que sejam capazes de se arrepor aos abusos da classe poderosa como foi o caso dos despejamentos ( Deshaucios). O Movimento nasceu em Catalunya, como, aliás tantos outros movimentos sociais. E desde lá foi eficaz e conseguiu dar solução a graves problemas sociais em toda Espanha.
 
Que dizer da educação. Em Catalunya as meias de valores  são superiores a do Estado espanhol, especialmente em língua castelhana. E, eu que fui ensinante por mais de 36 anos, afirmo desde aqui que o sistema educativo espanhol é mau. Nom digo que não haja bons e boas ensinantes, voluntariosas e dedicadas/os. Mas seus esforços perdem-se numas estruturas rígidas, antiquadas e pouco eficazes. A gente do meu tempo pode lembrar as Escolas d’Estiu del Rosa Sensat. Inspiradas nelas fizeram-se na Galiza Jornadas do Ensino durante muitos verões ( creio que 12 ou 15 anos). Mas , ao nom haver cá estrutura social, o esforço perdeu-se nas burocracias da Escola Espanhola.
 
Hoje Catalunya parece que foi abandonada pola poderosa classe económica . A Classe que manda e governa na Espanha. Eu volto perguntar aos espíritos socialistas: É esse o mundo a que aspiramos? A referendar com o nosso apoio implícito ou explicito por silêncio, a oligarquia do grande capital?* A mesma oligarquia que ordenou o assassinato de Marta Cáceres porque se opunha a construção dum barragem que iria destruir seu mundo?
 
Que foi o feudalismo senão um sistema em que a classe política e económica ficava nas mesmas mãos? E que dizer da justiça? Podemos afirmar, neste momento na Espanha que a justiça é independente do poder político?.
 
Nom falo eu de muitas Juízas e juízes que são exemplares e que lutam porque essa independência se afirme e consolide. Mas eu falo da realidade. Quem faz parte do Tribunal Constitucional? Como se nomeiam aos seus componentes?E o fiscal geral do Estado? .
Eu faria um chamado as pessoas que se considerem preocupadas polo Bem Comum, polo social, polo seu País como comunidade social, para tentar de ver em Catalunya mais uma vanguarda que um contrario. Mais um País com o que colaborar do que um País a que dominar ( isso nunca vai suceder). Rejeitar aquela vontade de império declarada polas ideias franquistas e substitui-la por compreensão. A simples pergunta de “como queres que andemos juntas na vida” é mais prática e mais justa do que enviar uma Virreina ( Soraya Saenz) a governar suas instituições. O espetáculo obsceno de ver a toda essa classe corrupta arvorar seu estado de direito contra o povo catalão, é dolorosa e esperpéntica. Só é no respeito as outras que vamos poder conviver. Nunca no revanchismo. E nunca na incompreensão do diferente. 
 
Bem sei que agora, depois de tantas declarações públicas por radio, TV e prensa intoxicando a ideologia geral, provocando o branco/preto para ocultar todos os matizes da complexa realidade, vai ser difícil recompor o que quebrou. Mas eu digo que passar o que passare, Catalunya já ganhou. E Espanha deveria de exigir demissão deste governo corrupto que nos conduziu a esta situação de confronto. E, ainda exigir à classe jurídica que faça cumprir o Estado de Direito também com eles e se os há que meter na cadeia por roubar nosso dinheiro que vaiam.
 
Porque nom esqueçam, esses sobres estavam cheios de dinheiro meu, teu, vosso. Dinheiro necessário para pagar hipotecas, ajudas a desempregos, educação sanidade e investigação.
Não vaiamos deixar que nos façam ver a palha no olho alheio esquecendo a trave no próprio.

Comparte esta noticia
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
Adela Figueroa Adela Figueroa Panisse, naceu en Lugo, e viviu en Pontevedra, onde desenvolveu a maior parte do seu labor profisional. De estudante participa como vogal da Asociación Cultural O Galo( Santiago de Compostela) e mais adiante como profesora de Instituto ( é catedrática de Bioloxia e Xeoloxia) nos Movimentos de Renovación Pedagógica desde o seu inicio.Participou no 1º congreso de Movimentos de Renovación Pedagáxica de Barcelona representando á AS-PGP ás Xornadas do Ensino e a Revista O Ensino.Como representante desta última participou no Encontro da Unificaçao Ortográfica (Rio de Janeiro )convidada pola Academía de Ciências e Letras do Brasil. Foi cofundadora da ASPG, e da Revista do Ensino, da que foi Directora.Tamén participou na fundación de ADEGA. Foi colaboradora científica do Semanario A Nosa Terra durante os primeiros anos da sua andaina. Foi membro da ISSOL (Asociación internacional para a investigación da orixe da vida)e da Asociacion Española de Biotecnologia.Traballou na Universidade do Minho e no Instituto da Educaçao.Foi colaboradora do Colexio Oficial de Biólogos de Galiza e da Asociación de Ensinantes en Ciencias de Galiza( ENCIGA). Ten traballado para UNICEF no departamento de Educación para o Desenvolvimento. O Medio Ambiente e o ensino centran o seu traballo, participando activamente na normalización lingüística e cultural de Galiza,asi como o devir cultural de aquén e alem Minho. É master en Educación Ambiental pola UNED-Fundación Universidad Empresa Participou activamente na Plataforma Nunca Máis de Lugo e en ADEGA.Foi Presidenta de ADEGA entre o 2005 e 2010. Continua a traballar nesta organización como vogal . Ten publicado dous libros de poesia : “Vento de Amor ao Mar” 2005 , e “Xanela Aberta” 2008 na Editorial O Castro. Colabora coa Revista de Poesia do Concello de Lugo Xistral .