A Arca da Noe, un proxecto que xera economía e fixa poboación no rural grazas á cultura

Esta taberna cultural consegue levar ata Vilar de Santos (na Limia) unha morea de propostas musicais e culturais que a converten nun lugar de referencia en Galicia. Mesmo recibiu o Martín Códax á mellor sala de concertos no 2016. Noemi Vázquez é a capitá desta arca, deste refuxio fronte ao diluvio do despoboamento rural. O GC fala con ela polo seu cuarto aniversario.

Por Uxía Iglesias | Santiago de Compostela | 10/08/2018 | Actualizada ás 14:07

Comparte esta noticia

"A ideia era criar uma taberna das de antes, onde se pudesse cantar, comer qualquer cousa rica, falar...". Esta era a teima de Noemi Vázquez cando puxo en marcha a Arca da Noe. Licenciada en filoloxía galega e portuguesa e activista da lingua e da cultura, Noemi decidiu hai catro anos voltar á aldea para converter unha casiña de Vilar de Santos nun "lugar de encontro inter-geracional, entre pessoas pertencentes ao mundo rural e ao urbano, de diferentes opções ideológicas, linguísticas, sociais...". 

Noemi Vázquez, a capitá da Arca da Noe
Noemi Vázquez, a capitá da Arca da Noe | Fonte: Cedida

Grazas á Arca da Noe, Vilar de Santos goza todas as fins de semana de música en directo, obradoiros, exposicións... "A música é aditiva", di ela. Antes deste proxecto emprendera outro semellante cun compañeiro en Sandiás. Levaba de nome "A Corte dos Bois", porque nos seus anos antergos era precisamente iso, unha corte para os bois. E é que "se há muita vontade, ilusão e um bocadinho de loucura da boa", calquera espazo pode converterse no mellor lugar para crear un bo ambiente cultural, de respecto, onde convivir e facer comunidade. E sen esquecer que persoas coma Noemi, que apostan por proxectos coma este no rural, son as que avivan as nosas aldeas e raíces. Eis a conversa.

A Arca da Noe acaba de cumprir catro anos. Ti, como capitá desa arca, esperabas tan boa acollida desta iniciativa?

A verdade é que não o esperava. É de agradecer o labor que fazem todas as pessoas que apoiam e divulgam o trabalho da Arca. Em particular, a quem acode aos espetáculos e lhe dá suporte económico para poder continuar com a programação, às artistas que os realizam e que dão todas as facilidades para estar connosco, às que apoiam na logística e às vizinhas e vizinhos que têm o local como ponto de encontro e que contribuem para a sua manutenção diária.

"O aniversário sempre é um dia bem lindo"

Como viviches a festa de aniversario?

O aniversário sempre é um dia bem lindo, com um ambiente saudável e com muito pessoal e amigos e amigas a prestarem a sua ajuda. Nesta edição, já de manhã, colocámos a exposição de Iria Prol, uma conhecida desenhadora da Límia, na parte de cima da Arca e pola tarde-noite tivemos a atuação de Peter Punk com o espetáculo “Chungo que te cagas”, os concertos de As Xoaniñas e das Tanxugueiras e, para acabar, uma animadíssima foliada até a madrugada.

Esta festa supõe para mim um esforço físico e mental de organização prévia, mas, ainda assim, sinto-me recompensada pola quantidade de pessoas que acodem e que nesse dia me fazem sentir o seu apoio ao projeto. É de agradecer o esforço que fazem muitas pessoas que se deslocam até Vilar de Santos desde lugares afastados.

A Arca da Noe chámase a si mesma taberna cultural. Como xorde esa fusión de conceptos na túa cabeza? Houbo referentes?

A ideia era criar uma taberna das de antes, onde se pudesse cantar, comer qualquer cousa rica, falar… Um dos meus referentes foi a “Taberna do Xico” em Mandim, um desses locais maravilhosos que ainda ficam polo país. Além disso, pensei que era fundamental acrescentar atividade cultural, já que este interesse por promover a cultura galega fora fundamental para mim desde a minha adolescência e não deixei de estar envolvida em associações culturais e linguísticas durante os quinze anos anteriores a concretizar este novo projeto.

Como conseguiches darlle unha identidade propia ao local?

A minha principal intenção é criar um bom ambiente dentro do local. A marca de identidade que quero para este projeto é que seja um lugar de encontro inter-geracional, entre pessoas pertencentes ao mundo rural e ao urbano, de diferentes opções ideológicas, linguísticas, sociais... Acho fundamental evitar qualquer tipo de discriminação por razões de género e de opção sexual. Esta é para mim uma linha básica de compromisso e atuação. Por outra parte, tento conseguir um ambiente de respeito para com as atuações dos e das artistas, que favoreça que se sintam valorizadas polo que fazem.

"Eu apostei por outro modelo que com tenacidade penso manter"

Non é este o primeiro proxecto que emprendes. Antes estivo A Corte dos Bois, que era exactamente iso, unha corte de bois. A Arca da Noe antes de ser a Arca eran unhas casiñas da aldea... Calquera lugar é susceptible de se converter en espazo cultural?

Pode ser, se há muita vontade. Suponho que também se precisa de ilusão e de um bocadinho de loucura da boa. Além da loucura e da ilusão, a realidade é que sempre há que fazer um importante investimento de dinheiro, maior do esperado, difícil de conseguir e que vai condicionar o desenvolvimento do projeto, já que há que confrontar-se com contínuas despesas. O que posso dizer como experiência pessoal é que é mais fácil levar para frente um local pequeno, com pouco gastos e tendendo ao decrescimento. Mas eu apostei por outro modelo que com tenacidade penso manter.

Nun primeiro momento alguén pode velo como perigoso porque Vilar de Santos é un lugar menos concorrido ca calquera cidade. Emprender un proxecto coma este no rural implica maiores riscos?

Por trás da Arca há muito esforço e muitas voltas de cabeça. Fácil não é, é como uma carreira de fundo. Tens que ter muita constância e paciência. A nível económico implica maiores riscos que abrir um espaço deste tipo numa cidade ou vila. Aqui têm que vir os clientes de pé feito, não passam e decidem parar, têm que ter a vontade de achegar-se. Para mim supõe um trabalho muito grande de difusão e de programação de uma variada oferta de atividades que atraia o interesse de diferentes tipos de público para que a Arca se mantenha economicamente.

"Eu procuro a naturalidade e penso que no rural é tudo menos artificioso"

Que che dá a aldea ourensá que non pode darche unha cidade? Podería existir unha Arca da Noe nun ambiente urbano?

A nível humano, não sei se daria para estar noutro âmbito. A Arca é o que é, não apenas por mim, também polo grupo de pessoas que estão a redor. Aquelas que estão todos os dias são as que sustêm o projeto para que vaia para a frente. Aqui somos uma comunidade com as partes boas e más do assunto. A convivência é o que tem. Eu procuro a naturalidade e penso que no rural é tudo menos artificioso. Poderia existir na cidade, mas estaria baseada numas relações humanas diferentes.

Es o exemplo claro de que no rural galego segue habendo posibilidades e de que é capaz de abrir portas. Por que custa tanto crer nel?

Porque não existem políticas bem feitas para assentar população no rural, nem interessa. Se os projetos políticos e económicos que têm o poder tiveram vontade, estariam a trabalhar nisto como o ponto mais importante da agenda política galega. E como cada vez há menos população no rural, logicamente não se vem possibilidades de projeção no futuro neste meio.

"Para consolidar un projeto no rural é preciso reparar na necessidade de colaborar com outras iniciativas próximas"

Que pensas que precisa o rural? Que hai que facer para revitalizalo?

Desde o meu ponto de vista, o trabalho em rede é fundamental. A única expetativa possível que temos para consolidar um projeto no rural a meio prazo é reparar na necessidade de colaborar estreitamente com outras iniciativas próximas e tecer uma rede de distribuição de produtos, de serviços e de difusão de atividades que nos leve a aproveitar ao máximo os nossos recursos. É a única maneira de ter força.

Nunha entrevista que che fixo Ugia Pedreira dicías que había persoas maiores que pensaban que eras unha excéntrica: "unha rapaza tan nova, con carreira, e que monta unha taberna nunha aldea...". Catro anos despois desa entrevista, cambiou a cousa? 

Como em todos os setores, há muito por fazer. A Arca, ao longo destes anos serviu de espaço de debate. Não sei se mudou algo o modo de pensar de muitas pessoas, mas pelo menos escutaram outras propostas e, ainda que para eles continuo a ser a rapaza excêntrica que começou com isto há quatro anos, respeitam a minha maneira de estar no mundo.

Ti estudaches filoloxía portuguesa e galega e móveste en círculos reintegracionistas. De feito, a Arca da Noe ten un enfoque claramente lusófono. O galego e o portugués son linguas que deben axudarse?

Para mim é a mesma língua. Os vínculos com a lusofonia e com o norte de Portugal são estreitos e por aqui já passaram muitas artistas com as que não há problema nenhum de compreensão. Mesmo temos clientes do norte de Portugal.

Como dis, moitos dos artistas que visitan a Arca da Noe, ademais dos galegos, son portugueses ou brasileiros. Estar en Galicia para estas persoas pode ser, realmente, seguir na casa?

Acho que sim. Algumas são mais conscientes do que outras. As pessoas lusófonas que pensam que o galego é uma língua diferente percebem que há muitas mais semelhanças do que diferenças e acabam por fazer todo o possível para serem entendidos e por entender.

"Até os mais velhos têm já por costume ver o cartaz do mês e saber que concertos há no fim de semana. A música é aditiva"

Consegues levar ata Vilar de Santos música de todo tipo a través de concertos en directo. Hoxe en día, que vivimos nun mundo atarefado e mediado por pantallas, os concertos en directo adquiren incluso maior valor?

Para mim é fundamental. Eu penso que a gente de Vilar de Santos está contenta com a
oferta da Arca. Até os mais velhos têm já por costume ver o cartaz do mês e saber que concertos há no fim de semana. Quando alguma sexta-feira ou sábado não temos música ao vivo comentam que parece que lhes falta algo. A música é aditiva.

A oferta que faz a Arca de concertos ao vivo é muito ampla: vai desde o jazz até a música tradicional, passando por todos os estilos possíveis, e sempre há um público mais especializado em cada proposta, que vê no local uma das poucas possibilidades que tem de poder desfrutar de música ao vivo do seu estilo favorito. Por isso, a Arca foi reconhecida como a melhor sala de concertos dos Prémios Martin Codax em 2016 e voltou a ser nominada este ano nesta mesma categoria.

A historia desa casa é a dunha familia da aldea que vivía aí. O tío Lisardo -un personaxe creado por Antón Jardón- recordaba nun texto as outras vidas do que agora é A Arca da Noe. Facía memoria. Paradoxalmente, ás veces esquecémonos de facer memoria e manter as nosas raíces?

Acerta no alvo. Para saber quem somos agora e necessário refletir no que fomos, valorizá-lo e devolve-lo acrescentado com os matizes que queiramos para ajudar à sua compreensão a esta nova sociedade do S. XXI.

"Galiza arrecende a pessoas resistentes que têm vontade de mudar este ar pestilento que nos abafa"

Estiven lendo as críticas que che deixan na páxina de Facebook, e sorprendeume especialmente unha que dicía que A Arca da Noe cheira a Galicia, a esa Galicia menos coñecida... Para ti, a que cheira Galicia?

Galiza desde há muito tempo cheira a podre, cheira a purinas, rios contaminados, incêndios, despovoamento do rural, falta de políticas que promovam a nossa língua, a nossa música, a nossa cultura... Cheira a abandono... Porém, também arrecende a pessoas resistentes que têm vontade de mudar este ar pestilento que nos abafa e de fazer possível com o seu
trabalho que apareça um novo ar mais fresco e limpo.

Comparte esta noticia
¿Gústache esta noticia?
Colabora para que sexan moitas máis activando GCplus
Que é GC plus? Achegas    icona Paypal icona VISA
Comenta