Algumhas dicas para melhorarmos o galego escrito

Quando, há vinte ou trinta anos, os poucos meios de comunicaçom existentes de prática escrita galega escreviam num galego precário e assistemático, inçado de espanholismos, existia umha compreensom tam generalizada como justificada. Era esse um mal que se estendia a associaçons, partidos, sindicatos e todo o tipo de entidades que, contra vento e maré, utilizavam sempre o galego.

Por Maurício Castro | Ferrol | 20/02/2010

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Porém, causa algumha preocupaçom comprovar que hoje, em plena expansom da Internet e das mil ferramentas e oportunidades para acedermos a todo o tipo de textos escritos num galego universal, livre de espanholismos desnecessários, continuemos a ver os autores e meios galegos utilizarem umha língua tam descuidada.

Dá a impressom de que importantes sectores da massa social defensora do galego ficárom instalados naquele “tanto tem” de há 30 anos, sem terem em conta a importáncia de umha língua cuidada e digna, livre da pressom formal do espanhol. Sirvam, portanto, estas linhas para reivindicar umha língua escrita que favoreça a imprescindível reorientaçom, já nalgumha medida em curso, da nossa cultura para a grande comunidade internacional de fala galego-luso-brasileira.

É verdade que, nas condiçons sociais de existência que hoje vivemos, é quase impossível ficar à margem da influência do omnipresente espanhol, mas isso nom justifica a pobreza, que se abeira da indigência, de textos jornalísticos que delatam o papel referencial que o espanhol continua a ter para muitos escrevedores galegos.

Pensando em todos eles e nas carências lingüísticas que cada um e cada umha de nós ainda temos, queria fazer algumhas indicaçons sobre sites e obras de referência, digitais e impressas, que na minha experiência particular tenhem sido e continuam a ser de grande utilidade.

Para quem quiger debruçar nos usos escritos do galego internacional, o professor Valentim Rodrigues Fagim publicou há quase um ano o seu 'Do Ñ para o NH, Manual de língua para transitar do galego-castelhano para o galego-português'. É esse um livro pensado para a auto-aprendizagem e escrito consoante o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que, progressivamente, irá ser assumido polos diferentes países que a tenhem como língua oficial.

Caso prefiramos manter os traços específicos do galego, sempre dentro da visom unitária, recomendaria, ainda a risco de ser politicamente incorrecto, um livrinho que eu próprio escrevim com afám divulgativo há mais de umha década, e que hoje se encontra gratuitamente em ediçom digital. Refiro-me àquele 'Manual de iniciaçom à língua galega' que editara a Fundaçom Artábria em 1998, cuja segunda ediçom, de 2006, pode ser descarregada em pdf aqui [http://www.agal-gz.org/modules.php?name=News&file=article&sid=3083].

Para as dúvidas ortográficas e de vocabulário, podemos recomendar alguns magníficos dicionários gratuitos online, como o Priberam da Língua Portuguesa (de Portugal) [http://www.priberam.pt/dlpo/], ou o que oferece, numha única pesquisa, os resultados do monumental Houaiss e do Michaellis (ambos do Brasil) [http://dic.busca.uol.com.br/].

Já para dúvidas sobre a escrita de palavras galegas que, até agora, nom encontramos nos dicionários luso-brasileiros, temos aí o Dicionário Estravis [http://www.estraviz.org]. Como principal falha, apontamos a falta de indicaçom sobre o carácter padrom ou dialectal dos vocábulos definidos. Porém, tal carência nom lhe é directamente imputável, pois no momento em que escrevo estas linhas continuamos a carecer de umha proposta padronizadora do vocabulário galego.

Tendo em conta a instalaçom prévia em espanhol da grande maioria dos novos galego-falantes, nom esquecemos recomendar o plurilíngüe Wordreference [http://www.wordreference.com/], que nos permite fazer pesquisas espanhol-português e português-espanhol. Tampouco queria deixar de recomendar, em formato impresso, o recente 'Dicionário Espanhol-Português', da Porto Editora, cujo coordenador é o estudioso galego Álvaro Iriarte, o que se reflecte numha visom galega das necessidades de um dicionário bilingüe como esse, convertendo-o numha obra de referência imprescindível.

A todo o anterior acrescentaremos o utilíssimo recurso ao Google português e/ou brasileiro para verificarmos a freqüência de uso de tal ou qual palavra ou expressom, escrevendo-a entre aspas a tal efeito.

Como se vê, com afám autocrítico e vontade de melhorar o uso escrito da nossa língua, hoje isto é mais fácil do que nunca tinha sido para qualquer galego ou galega. Com as referências anteriores e com um investimento económico mínimo ou inclusive nulo, é possível mudar em pouco tempo o rumo da nossa língua escrita em direcçom a um galego extenso e útil.

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Mauricio Castro Maurício Castro nasceu en Ferrol en 1970. Licenciado em Filologia Galego-Portuguesa pola Universidade de Compostela, dedica-se profissionalmente à docência de Português. É autor de diferentes ensaios, sobretodo de temática lingüística e sociolingüística, como a História da Galiza em Banda Desenhada (1995), Manual de Iniciaçom à Língua Galega (1998), Galiza e a diversidade lingüística no mundo (2001), o Manual Galego de Língua e Estilo (2007) ou Galiza vencerá! (2009). Primeiro presidente da Fundaçom Artábria.