A recentralizaçom que vem

A firme vontade catalá para dar passos em direçom à sua plena soberania, sempre com base na aplicaçom do inalienável direito de autodeterminaçom, espoletou umha forte reaçom do Estado espanhol para evitar a rutura que nom houvo à morte de Franco.

Por Maurício Castro | Ferrol | 10/10/2017

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Com sustento num irracionalismo largamente espalhado nas massas alienadas espanholas, com claras componentes fascistas, o Estado espanhol parece disposto a aplicar a violência que for necessária para retomar o controlo de aquelas que já Franco considerara “províncias traidoras”. As medidas governativas de mutilaçom da institucionalidade autonómica catalá já começárom, adubadas pola inusitada violência policial do dia 1 de outubro, que ficará para a longa história da vergonha espanhola, nom só desde o seu nascimento como Estado naçom no século XIX, como do longo prólogo nos séculos do autodenominado Império Católico.
 
Vistos da Galiza, os graves acontecimentos da repressom contra o Povo Catalám mostram várias cousas.
 
1º Que o Estado espanhol perdeu lá a hegemonia ideológica que a sua classe dominante ainda mantém no resto do território sob a sua administraçom. Essa hegemonia com base num consenso propagandístico que lhe evita recorrer à violência despida, a nom ser em casos pontuais, como o que vemos também nestes dias em Múrcia. 
 
2º Só a violência institucional está a conseguir que a Catalunha nom se desvincule da dependência, após todas as tentativas possíveis de resoluçom democrática do conflito e sem que o Estado espanhol tenha cedido um mílimetro à proposta de escuitar o povo catalám.
 
3º Aconteça o que acontecer nos próximos dias e semanas, o povo catalám está em processo de emancipaçom efetiva, cuja culminaçom só poderá ser evitada pola imposiçom de umha violência de conseqüências incalculáveis para a estabilidade da Europa ocidental.
 
Dito todo o anterior, e sem podermos adiantar o desfecho do atual confronto entre o povo catalám e o Estado espanhol, todo indica que os seus efeitos abalarám o regime espanhol, que aprofundará o que já era umha clara deriva autoritária e recentralizadora.
 
Os primeiros passos dessa recentralizaçom ainda nom declarada (ocupaçom policial-militar, retirada de competências à polícia autonómica, assédio e detençom dos seus representantes institucionais…) revelam umha realidade que nom por conhecida deixa de preocupar-nos: as chamadas competências autonómicas fôrom sempre concebidas como concessons condicionais às autonomias e nom como direitos dos respetivos povos. No momento em que há um conflito, o Estado retira-as com a mesma unilateralidade com que tinham sido concedidas.
 
Ora, tanto se o povo catalám consegue finalmente quebrar a unidade espanhola exercendo os seus direitos nacionais, como se o Estado espanhol o evita pola força graças à cumplicidade dos seus “sócios” europeus, umha cousa é certa: Venhem tempos de forte recentralizaçom. 
 
Se houver reforma constitucional, será para a reversom das concessons autonómicas e a imposiçom do reacionário e tradicional unitarismo espanhol, tornando a sobrevivência coletiva no interior das suas fronteiras inviável num ambiente que já é cada vez mais irrespirável.
 
Espanha e os direitos nacionais das naçons oprimidas som incompatíveis. A Catalunha sabe-o e também na Galiza devemos assumir um facto que nos vem imposto, preparando umha autodefesa coletiva que nos permita nom só resistir a dura ofensiva que vai vir, como também a construçom de umha alternativa popular, nacional e de classe, muito além das siglas e outras leiras atuais, totalmente insuficientes para garantir essa autodefesa.
 

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Mauricio Castro Maurício Castro nasceu en Ferrol en 1970. Licenciado em Filologia Galego-Portuguesa pola Universidade de Compostela, dedica-se profissionalmente à docência de Português. É autor de diferentes ensaios, sobretodo de temática lingüística e sociolingüística, como a História da Galiza em Banda Desenhada (1995), Manual de Iniciaçom à Língua Galega (1998), Galiza e a diversidade lingüística no mundo (2001), o Manual Galego de Língua e Estilo (2007) ou Galiza vencerá! (2009). Primeiro presidente da Fundaçom Artábria.