Artigos de Ramón Varela

Da autodeterminação à determinação

O reconhecimento dos direitos humanos é o que distingue aos povos mais civilizados e de maior elevação moral, que é um conceito muito distinto do estado de direito. Quando não se cumprem os direitos dos indivíduos ou dos povos, surge a repressão, e então acode-se como um talismã, à insistência no estado de direito. Evidentemente que temos que cumprir as leis, mas os poderes públicos têm que cumprir e fazer cumprir os direitos humanos, que constituem a quinta essência de qualquer ética que se preze e, portanto, duma convivência civilizada.

Por que Pedro Sánchez nos embarca em novas eleições?

Vivemos numa sociedade na que os políticos atuam cada vez mais dum jeito maquiavélico, subordinando os princípios éticos aos interesses políticos, utilizando a mentira, a distorção dos factos, a censura encoberta, a fabricação de relatos e a repressão como armas políticas, e a ética como um mero instrumento mais dessa falsificação da realidade. Se um fia do que dizem os políticos não será capaz de formar-se uma ideia clara do que acontece num país.

Veto de Pedro Sanchez a Pablo Iglesias

Não saio do meu assombro polas declarações de Pedro Sánchez a respeito do veto que lhe impôs a Pablo Iglesias para chegar a uma coligação de governo entre as formações do PSOE e de Unidas Podemos, nas que, entre outras cousas, verteu acusações de grosso calibre contra quem pretende que seja o seu sócio de governo. Num primeiro momento considerei que se tratava pura e lhanamente duma censura da liberdade de pensamento e manifestação dum partido político do estado espanhol de tendência esquerdista e unionista, mas parece que não é assim porque, ao aceitar o PSOE a outros candidatos a ministros desse mesmo partido no governo, não afeta diretamente às ideias, senão que é um veto ad personam, um veto à pessoa física do líder dessa organização a título individual.

Anova, rara avis

Anova é uma rara avis, um caso singular, no panorama nacionalista periférico espanhol e quiçá também a nível internacional. Em Marea, na que estava integrada ANOVA, atualmente em fase de clarificação, apresenta-se dividida em duas obediências, a villarista, na que desembocaram a maior parte das hostes da formação e que parece que se dotaram duma coesão interna e um programa coerente de obediência galega, e a de obediência beiro-sanchista, que pretende continuar dando tombos cara a nenhures.

Carvalho Calero, adail do reintegracionismo

Alguns vínhamos denunciando cada ano uma situação que considerávamos anômala, como é o feito de que o insigne proefessor Ricardo Carvalho Calero vinha sendo postergado indevidamente como a personagem elegida para ser homenageado o Dia das Letras Galega, que podia dever-se a uma espécie de censura tácita cara ao escritor ferrolão por ter sido o maior estandarte da posição normativa ortográfica conhecida com o nome de reintegracionismo.

Golpe de Estado independentista

Toda comunidade, seja democrática ou autoritária, rege-se por umas normas jurídicas, quer legislativas quer consuetudinárias, que constituem o seu estado de direito, e sem o qual a sociedade não pode funcionar.

Os ginetes do 155 cavalgam

Faz tempo que venho dizendo que Espanha não negocia nem negociou nunca os problemas territoriais, como o demonstra o feito de que todas as suas colônias tiveram que recorrer à violência para independer-se.

Fracasso do hibridismo

Já criticamos no seu momento as operações de mistura de projetos políticos que originariamente não compartiam o mesmo modelo de estado, ou seja, a maridagem de projetos nacionalistas galegos com projetos nacionalistas espanhóis. Este foi um erro persistente no nacionalismo e galeguismo do nosso país desde a transição de 1978 e praticada polos mesmos dirigentes que teoricamente manifestavam doestá-la. Desconfiando das suas próprias forças e da viabilidade dos projetos radicados na Galiza, espalhavam aos quatro ventos que os problemas galegos se resolveriam com a camaradagem com as esquerdas unionistas, e incluso se sugestionavam a si mesmos e fiavam a solução do problema galego ao convívio com as esquerdas europeias e espanholas, aliás fortemente espanholistas.