Por Bernardo Ramírez | Luanda, Angola | 28/04/2010
Mas a beleza deste povo é inquestionável. Existe neles algo de muito puro e genuíno. Quando me sorriem, a cara ilumina-se toda, e há um certo atrapalhamento meigo nesse sorriso. Os dentes brancos a a pela escura, os lábios grossos e um tom de pele quase luminoso fazem desse sorriso algo
quase solar.
Gosto do tom da pele deles, daquele tom castanho brilhante, tão intenso. Às vezes dou por mim quase a querer tocar-lhes. Só para sentir como é ao toque.
A pela brilha muito é engraçado. E ao contrário da própria opinião deles, eu acho que prefiro as peles mais escuras.
Mas são mais. Os corpos deles são atléticos, magros e desportivos. Elas super elegantes, eles super musculados. É uma mistura de uma dieta pobre com
uma vida de trabalho físico. Realmente não há dúvida que são um povo do corpo.
São educados, às vezes até em excesso. Dizem sim e obrigado a tudo e a todos, mesmo quando não nos entendem. Parece até que ficam em sentido quando vêem um branco e isso custa-me. Gosto deles mais relaxados. A chamarem-me Mambernas e a rirem-se do que digo.
Olham para tudo com inocência e com um olhar infantil. Vivem ainda sempre a surpresa da descoberta e não parecem nada preocupados com o que se passa no mundo. Mas têm uma vergonha na minha presença que é quase palpável.
Mas, acima de tudo, incluem toda a gente. Toda a gente aqui pertence. Mesmo quando não pertence. O sapateiro da porta do hotel, sempre que passo por ele
e digo bom dia responde-me: bom dia família. E é um sentimento tão bonito.
Gosto tanto dos Angolanos que às vezes me irrita esta fronteira que não sei ainda transpor. E magoa-me estar tão perto e tão longe. Mas são tudo coisas
para se aprender...