Língua e metafísica na Galiza

Nalgumha ocasiom das muitas em que tenho trocado impressons com pessoas que partilham as mesmas preocupaçons em matéria de língua, temos chegado a umha conclusom comum: chega de debates e de disquisiçons teóricas, falta é passar à açom, pois o tempo que resta ao galego é cada vez menor e a passividade joga a favor do espanhol.

Por Maurício Castro | Ferrol | 08/12/2010

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Todo o contrário vem sucedendo no ámbito dos que mantenhem discursos pró-galego. Assim, na última semana, assistimos à apresentaçom pública de um manifesto do IGEA, ligado ao ex-presidente da Junta, Anxo Quintana, e elaborado polo filólogo Henrique Monteagudo, com participaçom, polos vistos, de Antón Reixa e apoio doutros intelectuais e pessoas públicas. O documento foi apresentando como inovador por, entre outras cousas, determinar que o espanhol já nom é estrangeiro, nem o bilingüismo oficial inconveniente na Galiza.
 
Em seguida, a proposta foi contestada por dirigentes da UPG como Pilar Garcia Negro, Xoán Costa ou Carlos Calhom, com discursos em defesa da visom tradicional do BNG no assunto. O próprio Quintana replicou nas páginas do Xornal de Galicia, defendendo o seu manifesto. Entretanto, críticos do próprio BNG criárom um grupo de debate sobre o assunto no facebook, bastante movimentado...
 
Detenho-me aqui, porque nom é essa discussom teórica que queria comentar nestas linhas. Além do mais, nom é difícil entender que o pano de fundo da mesma som as pugnas partidistas no seio do Bloque, o que tem ainda menos interesse para quem nom fai parte dessa organizaçom.
 
O que sim tem importáncia é notar que esse debate, como outros sobre a questom lingüística no nosso país, acontece enquanto os factos de uns e outros demonstram umha gritante carência de projecto verdadeiramente regaleguizador para a nossa sociedade.
 
Nom é necessário enredarmo-nos nas discussons teóricas. Nem sequer é imprescindível lembrarmos o que (nom) figérom durante o tempo que governárom a Junta da Galiza, período em que o nosso idioma continuou numha posiçom de total ostracismo institucional e, sobretodo, social. Chega com só observarmos a realidade de hoje mesmo para o certificarmos.
 
Com efeito, enquanto os dous setores do BNG aproveitam a língua para marcar posiçons na sua luita interna, a representante do Bloque na Cámara Municipal de Compostela apresentou a programaçom do prestigioso Cineuropa na capital da Galiza. O público assistente cada ano conta-se por milhares e a projeçom do evento vai muito além disso, constituindo umha importante referência cultural no nosso país. Seria umha boa ocasiom para que Socorro Garcia demonstrasse como o BNG marcava a diferença em matéria de língua, garantindo algo tam simples como umha legendagem completa em galego dos filmes projetados.
 
Mas nom foi possível. Entidades populares compostelanas como A Gentalha do Pichel denunciárom como, mais umha vez, o espanhol voltou a ser apresentado pola instituiçom municipal compostelana como ferramenta imprescindível.
 
Os grandes debates teóricos convertem-se em terapias de grupo ao serviço do ego das dirigências partidárias quando vemos que nem o mais elementar é garantido. Nem por uns, nem por outras.
 
Inclusive para quem tem interesse em temas sociolingüísticos, tanta discussom acaba por ser aborrecida. Pura metafísica.

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Mauricio Castro Maurício Castro nasceu en Ferrol en 1970. Licenciado em Filologia Galego-Portuguesa pola Universidade de Compostela, dedica-se profissionalmente à docência de Português. É autor de diferentes ensaios, sobretodo de temática lingüística e sociolingüística, como a História da Galiza em Banda Desenhada (1995), Manual de Iniciaçom à Língua Galega (1998), Galiza e a diversidade lingüística no mundo (2001), o Manual Galego de Língua e Estilo (2007) ou Galiza vencerá! (2009). Primeiro presidente da Fundaçom Artábria.