Violência policial: o pam nosso de cada dia

Aproveitando o abafante ambiente católico que, por imperativo legal, se respira nestes dias, defino com essa sentença religiosa a atitude quotidiana da que é, sem dúvida, umha das polícias mais violentas da Europa: a espanhola. Umha força repressiva que voltou a exercer como tal em Madrid, durante os importantes protestos que contestárom o financiamento público da visita papal em plena crise e no meio de cortes sociais generalizados.

Por Maurício Castro | | 22/08/2011

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Sem nos referirmos aos profissionais concretos que sofrêrom essa violência, diremos que foi umha 'bençom' que vários jornalistas e fotógrafos fossem espancados polos fardados de azul, porque só isso nos permitiu assistir na televisom às 'óstias' repartidas pola polícia em Madrid.

As pessoas que participamos em manifestaçons dessas que chamam 'antissistema' ou mesmo em protestos vicinais, laborais ou doutro tipo, conhecemos bem o seu papel puramente repressivo. Temos comprovado a abundáncia de fascistas nas suas fileiras e a impunidade com que as instituiçons espanholas agradecem o seu trabalho “bem feito”, como costuma ser definido polo correspondente subdelegado do governo.

Já fomos insultados, provocados, espancados e detidos por ousarmos ocupar as ruas e exercermos direitos tam “subversivos” como o de manifestaçom ou de livre expressom de ideias. Nom nos surpreendemos quando, como ontem aconteceu, vemos as imagens em que umha rapariga que passava por perto da manifestaçom laica leva um murro direto no rosto sem mais nem menos, e a continuaçom o seu companheiro é malhado por tentar ajudá-la a abandonar o lugar.

Muitos já fomos denunciados por “resistência à autoridade”, após sermos vítimas de maltrato durante detençons totalmente injustificadas, sendo julgados e escuitando falsas acusaçons durante julgamentos que costumam confirmar a impunidade com que agem esses supostos “defensores da lei”.

Porém, é importante que essa realidade chegue à maioria da sociedade, que vive à margem da mesma até que, nalguns casos, alguém tem que padecê-la. Daí que consideremos umha boa notícia que os profisisonais da informaçom se vejam, de vez em quando, diretamente afetados pola violência institucionalizada, como agora aconteceu em Madrid. Só assim, e graças ao corporativismo do mundo jornalístico, conseguimos que a censura das empresas capitalistas da informaçom abra umha fresta à liberdade informativa. Só assim é possível que as denúncias cheguem inclusive além das fronteiras espanholas, dando a conhecer que tipo de polícia existe neste Estado apodrecido e envilecido até a medula, e que presume de ser um país democrático.

Como mais umha manifestaçom dessa miséria que ofende a nossa dignidade de pessoas livres, ontem mesmo assistimos à encenaçom de umha farsa em dous atos por parte do ainda governante PSOE em relaçom a todo este assunto: enquanto o ministro José Blanco parabenizava a polícia polas suas agressons contra manifestantes e viandantes nas ruas de Madrid, a chefa da campanha eleitoral de Alfredo Pérez Rubalcava denunciava no Twitter os “excessos policias”, reclamando que “nom voltem a produzir-se”.

Dificilmente poderia dar mais nojo fazer parte desse regime corrupto nascido da ditadura nacional-católica franquista. Dificilmente poderíamos ter maior vontade de romper com todo o que ele significa e exercer por fim a nossa independência numha Galiza livre e verdadeiramente democrática. Socialista.

 

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Mauricio Castro Maurício Castro nasceu en Ferrol en 1970. Licenciado em Filologia Galego-Portuguesa pola Universidade de Compostela, dedica-se profissionalmente à docência de Português. É autor de diferentes ensaios, sobretodo de temática lingüística e sociolingüística, como a História da Galiza em Banda Desenhada (1995), Manual de Iniciaçom à Língua Galega (1998), Galiza e a diversidade lingüística no mundo (2001), o Manual Galego de Língua e Estilo (2007) ou Galiza vencerá! (2009). Primeiro presidente da Fundaçom Artábria.