Por admin | Compostela | 03/05/2025
Estas regueifeiras e regueifeiros protagonizam o desenho da capa do livro “O povo improvisador”. De esquerda a direita, no palco: Manuela Quinteiro, Miguel Mella, Celtia de Coristanco, Nântia, Maré a Muda, Tegra de Tras o Couto, Estrela do Courel, Marta Iglesias, Joana de Toba, Tiziana, África García, Miguel de Merza e Nela de Piloño.
Marta, por que pensas que a regueifa tem atrativo para a gente nova?
A regueifa cria um ambiente de goce onde nom existem pressons e, polo tanto, a música e a poesia fluem dum jeito mágico. Por outro lado, o compromiso com a língua, a terra e a tradiçom, que está em nós, fai-nos conetar com as nossas raízes e com a nossa identidade como povo. Penso que é esta atmosfera e mais a facilidade, se hai vontade, de introducir-se nela, o que fam que a regueifa seja um fenómeno que une e suma cada dia mais crianças e adolescentes.
Séchu, agora toca-che a ti responder: a que outros movimentos pensas que lhe pode dar força a regueifa?
Penso que a improvisaçom oral é um instrumento mui útil e potente para a comunicaçom emocional, de ideias, e para a ativaçom de dinámicas sociais em qualquer ámbito e com qualquer tema. Já há gente a aplicar a relacionar em a regueifa com a economia ou a sexualidade, com conflitos sociais como ALTRI ou na Universidade de Educaçom. Improvisar em verso é tam fascinante que nos esperam por diante tempos com muitas aplicaçons da regueifa a múltiplos ámbitos da nossa vida persoal e coletiva. Também há umha cousa importante: a própria regueifa é um motor para a dinamizaçom cultural local e comarcal. Um exemplo, o que está a fazer o Clube de Regueifa do IES Basanta Silva de Vilalba. Essa rapazada está a impartir dúcias de obradoiros pola Terra Chá, criando um vínculo valiosíssimo entre a nosa cultura e a gente nova. É extraordinário como a escola se volta um motor de movimento e riqueza vital. Com todo, penso que o movimento fundamental para a modernizaçom da regueifa foi e é o feminismo. A regueifa dá umha voz cheia de energia a quem precise mudar a realidade.
África, tu que pensas... quais som os valores do mundo da regueifa?
O mundo da regueifa transmite valores como a uniom e o companheirismo entre gente de todas as idades porque podemos ver regueifando umha rapaza de 15 anos com umha muller de 40, por exemplo. Também transmite amor pola cultura galega, já que achega a improvisaçom oral a toda a povoaçom. O mundo da improvisaçom oral e da regueifa transmite festa, cousa que fai que muitas pessoas se interessem por esta fantástica forma de querer a nossa história. Em conclussom, os valores que transmite esta forma de cantar, falar e improvisar som milheiros e debemos te-los mui presentes.
E a minha pergunta para ti, Séchu, é esta: Que foi o que che inspirou para escrever um livro sobre a improvisaçom oral?
Durante os últimos dezaseis anos, desde que nasceu a minha filha maior, comecei a reflexionar sobre a poesia oral ao mesmo tempo que descobria, com ela, desde que nasceu, a improvisaçom cantada como um jogo. Ao mesmo tempo descobrim que o alunado do instituto gostava desse jogo. E com Manolo Maseda, os institutos de Baio e das Cruzes botamos a andar o projeto Regueifesta. O que sucedeu a partir de aí, investigaçons, recolheitas, aventuras, reflexons tinha que ser contado. E como eu som escritor pensei que tinha a responsabilidade de transmitir e compartilhar estas vivéncias que reúnem algumhas claves importantes para a transmissom intergeracional da língua e da nossa identidade. O mundo da improvisaçom oral é fascinante e mui desconhecido. E havia que escrever sobre este superpoder, sumando a minha olhada à doutros livros sobre o tema como os de Ramón Pinheiro, Alba Maria ou Quique Estévez.
Manuel, conta-nos, companheiro, que satisfaçons che produce a regueifa?
A regueifa transmite-me a satisfaçom de ter sido capaz de lanzar umha mensagem e também impresiona-me. Por outra banda, a evoluçom constante que está tendo e a incrível comunidade de regueifeiros e regueifeiras que nos juntamos para berrar é cada vez mais forte. Essa é a satisfaçom que me produce a regueifa.
A minha pergunta para ti, Séchu, é esta: Esperavas que a regueifa ia crescer tanto e criar umha comunidade tam grande?
O motor principal da regueifa sodes vós, a gente nova. E eu sempre tivem confiança na mocidade. Por suposto que nom esperava que nos últimos dez anos a regueifa se convertisse no que se está a converter, um fenómeno tam explosivo. Isso aconteceu porque há muita gente trabalhando, na asociaçom ORAL, em diversos coletivos, nos institutos e coles, nos Clubes e Escolas de regueifa, há apoio institucional e muitas famílias já tenhem a regueifa como um jogo... Agora já há várias geraçons implicadas na militáncia da improvisaçom oral. Mas também sei que temos muito trabalhinho por diante.
Nântia, que é o que fai que umha rapaza como tu se convirta em regueifeira?
Pois vou contestar com umha décima:
Comeza desde pequena
Cunha forma de expresión
Onde eu creo ilusións
Cunha canción serena
Sen levar ningunha pena
Era unha actividade,
Pasoua necesidade
E na vosa melodía
Eu pasaba os meus días
Dentro da curiosidade
Tiziana, de que jeito a regueifa pode ser importante, em geral, para a gente nova? E para ti?
A regueifa é importante para a gente nova porque é umha ferramenta actual que nos ajuda a conetar com as nossas raizes culturais, como se fosse umha ponte entre o passado e o futuro. Ademais também estimula a nossa capacidade de improvisaçom, a nossa exspressom oral e o nosso pensamento crítico. Por outra banda, para mim a regueifa é importante já que é a forma mais bonita que atopei de expresar o que sinto e penso. Ademais, graças à regueifa conhecim um montom de gente incrível, com quem compartim momentos únicos e, sobre todo, muitos risos. E a verdade é que comecei a ver a regueifa doutro jeito o dia que botamos umhas coplas umhas regueifeiras no Cámpus de Vilalba. Estavamos de brincadeira ponhendo-nos no papel dum macarra, rindo, sem parar, mais algo passou nesse intre. Entre verso e verso decatei-me de que aquilo nom era só um jogo: era umha forma de conetar, de dizer cousas sem filtros, de ser eu mesma. E desde entom, nom a vim igual.
E tu, Séchu, queres seguir regueifando toda a vida?
Pois isto é algo que entrou na minha vida nom há muito tempo e si, vejo-me regueifando de velhinho, se tenho a sorte de chegar alá, bah, nom me falta tanto... Seguramente seja umha boa ginásia mental contra o Alzheimer, para a memória, as relaçons sociais e essas cousas...
Miguel, tu, como músico, que lhe ves interessante à improvisaçom oral desde esse ponto de vista?
A improvisaçom oral é mui interessante a respeito da música porque está mui ligada à música tradicional e sempre com umha mesma melodia ou várias, próprias dum lugar. Em cada lugar tenhem as suas melodias e essa riqueza musical e regueifar com essa riqueza musical, meter-lhe letra e instrumentos parece-me enriquecedor. Tamém é fascinante para a gente que pode pensar, como dim os velhos, que é “negada para a música”, pois se aprendes despois a melodia sae soa e para a regueifa nom há ninguém negado.
Manuela, a ver se nos ajudas a entender isto: por que há mais rapazas que rapazes e serem protagonistas da regueifa?
A regueifa foi considerada cousa de homes entre muitas outras cousas, para nom variar. Mas isso está a mudar e as mulheres estamos ganhando o nosso espaço no mundo da tradiçom oral. Cada vez mais rapazas participam movidas polas pandeiretas de hoje em dia que sempre estám a innovar. As mulheres adoitamos escolher a arte como maneira de protesta e reivindicaçom.
Nela, nas Cruzes as regueifeiras sodes galego-falantes, pensades que vós, que falades galego no dia a dia, podedes animar a rapazada que fala pouco galego a falar mais?
Si, totalmente. Creo que a regueifa ao ser unha maneira de improvisar pode-se achegar à rapazada já que se asemelha ao rap, por exemplo. Com isto, a rapazada que nom fala galego pode ver o fermosa que é a nossa língua e animar-se a falala
E a minha pergunta: Qual consideras que é o motivo polo que a rapazada non fala galego?
O motivo é que a rapazada nom regueifa. Quem regueifa, fala galego. Nom a sério, agora. A ver, penso que é um problema histórico, político, polo que na Galiza as clases dirigentes desde há muitos anos dirigirom e dirigem um processo para normalizar o castelám na Galiza e fazer do galego algo innecessário. Mas umha parte importante do povo galego negou-se e nega-se a isso e já protagonizou momentos de revitalizaçom na época moderna, como no Rexurdimento ou no tempo das Irmandades da Fala. Agora toca-nos a nós, a vós, a muita gente, intentar activar um processo de revitalizaçom que construa um poder popular contra esse projeto que pretende espanholizar a Galiza e manter a Galiza como um território dependente ao serviço do centralismo espanhol, em todos os sentidos, linguístico, económico, cultural, etc. Galeguizar a Galiza é um projeto bem necessário. Penso que a rapazada sempre vai estar apoiando a justiça social, a liberdade, a alegria e os valores que a nossa língua transmite e ajuda a construír. A questiom é facilitarmos que a gente nova tenha mais contato com a nossa língua.
E tu, Tegra, que participas deste movimento desde o Courel, bem sabes que na Galiza há improvisaçom oral mais alá da regueifa. Como é ser do Courel, ser brindadora e cantar brindos ou loias improvisadas num momento em que a palavra "regueifa" parece ter tanta importáncia?
Eu sinto-me orgulhosa de ser loiadora e de poder dar a conhecer outras formas de improvisaçom oral que nom estám tam extendidas como a regueifa. As loias e os brindes som formas de improvisaçom tradicionais da montanha que se cantavam nas vodas. A primeira vez que escuitei umha loia foi da mao de Manuela de Arnado e neste momento soubem que queria ser loiadora.
E esta é a minha pergunta para ti, Séchu: Quando começastes com os projetos de regueifa houvo medo a que nom fossem adiante ou que nom lhe interessasse a nenhumha pessoa nova?
Medo, nom. Quando se planifica um projeto sempre contas que pode nom funcionar. Nos fracasos tamém aprendemos e eu já levo uns quantos dos que continuo a aprender. Mas quando começamos com a Regueifesta já tinhamos experimentado um pouco com a regueifa nas aulas e intuiamos que podia funcionar. Lembro ao começo, ao planificarmos o projeto inicial, com Manolo Maseda, que a programaçom inicial era para três anos. Mas a acolhida da regueifa pola infáncia na Escola Semente de Compostela, e da adolescência nos institutos de Baio e de Vila de Cruces, foi algo alucinante. E a própria sociedade, o mundo da regueifa, o movimento social foi fundamental para sentirmos isto como um logro coletivo, do povo. O que sucedeu sobrepassou as melhores expetativas da Regueifesta porque este projeto escolar passou a formar parte dum movimento mais grande e continuador dum trabalho anterior. E para mim, aquel projeto de três cursos converteu-se num projeto de vida.
Joana, humor, critica social, vida quotidiana, pandeiretas, bases eletrónicas... a regueifa atualmente expresa-se através de muitos temas e estilos. Como ves isto?
Pois vou-cho explicar com outra décima:
A regueifa na actualidade
Tem partes novas e antigas
Pra cantar por Palestina
Gente de todas idades
Assim improvisar liberdade.
Autotune e acordeom
mesturando geraçons
que berram no monte e mar
"Se há injustizas, regueifar!"
Regueifa é revoluçom.
Estrela, venha logo, tocou-che, entre todos os lugares do mundo... onde gostarias de regueifar?
Num pavilhom cheio de gente
gostaria de cantar
rapeando em gaélico
com o grupo de kneecap
E tu, Séchu, onde gostarias de regueifar?
A princípios do século XX, no tempo das Irmandades da Fala.
Celtia, tu es de Coristanco, e estás a viver a revitalizaçom da regueifa num dos berces da regueifa. Como ves a regueifa em Bergantinhos? Como te ves a ti mesma a continuar a tradiçom nessa comarca tam regueifeira?
No ámbito do instituto e todo isso, aqui polo menos, nom vejo a regueifa para nada popularizada. Aínda assim quando estou no lughar ou momento correto, como na Escola da Regueifa de Carvalho ou numha foliada, já tenho coincidido con alghumha regueifeira ou regueifeiro. Estou mui orghulhosa e parece-me umha honra nascer nesta comarca antigamente tam regueifeira. Tenho a esperança de que alghum dia poida ter um papel no tradicional e que melhore a situaçom tanto da regueifa, o baile e a música tradicional, como do próprio idioma.
A miña pergunta para ti, Séchu, é esta: Como pensas que seria a situaçom da regueifa se fosse mais popular entre a gente nova como o é o fútebol, por exemplo?
Vaia... se fosse tam popular como o fútebol seriamos, seguramente, um povo muito mais livre e justo. Imaginas? Clubes de Regueifa em todas as vilas e cidades, retransmissons polas TVS, programas nos media, páginas centrais nos jornais, os valores da regueifa a se transmitirem nas redes sociais... Eu sempre pensei que tinhamos que fazer um album de cromos de regueifeiras e regueifeiros... Está na lista dos projetos futuros. Ai, se a poesia fosse tam popular como o fútebol o nosso país seria umha potência mundial. Mas, atençom, porque passinho a passinho, gente como tu está conseguindo que a poesia oral seja divertida, útil, interessante, festeira e cada vez mais popular... E o próximo objetivo da Regueifesta pode ser encher um campo de fútebol com vários milheiros de siareiras da regueifa, porque o auditório da Galiza onde fazemos a Gala anual já fica mui pequeno.
Maré, a ver, algo transcendental, tu que pensas, a regueifa ajuda a viver?
A regueifa serve muito
para liberar a dor
para afrontar os problemas
com alegria e humor.
Ainda que mundo está cheio
de ladrons e de malvados
a regueifa ajudou-me
a passar tempos complicados.
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