Sentimentos variados

Esta semana não é fácil escolher um tema sobre o que escrever. Por um lado estou a uma semana da partida para Luanda (Angola) por três meses, por outro lado o governo português (diz-se que) anda a tentar comprar tudo o que são meios de comunicação social, ainda estou também a pensar sobre o meu último workshop de Constelações Familiares, e por último estou a construir com a C. uma máscara para o Carnaval que dá muito trabalho misturado com prazer.

Por Bernardo Ramírez | Lisboa | 15/02/2010

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Como não sei o que escolher fica aqui um resumo de sentimentos variados (não há nada como se ser fiel ao que se sente).

Partir para Luanda não é uma tarefa fácil. Há mais ou menos seis meses fui para lá pela primeira vez. Dessa vez, e por ser a primeira, tinha em mim um entusiasmo pelo novo, uma alegria de me aventurar, de descobrir um mundo desconhecido. Agora, depois de voltar, e por saber ao que vou, não me resta entusiasmo. Sei de experiência que vão ser três meses solitários, quentes, barulhentos e um pouco sujos, apaixonados e intensos. Mas acima de tudo três meses solitários. Todos os que viajamos sabemos sempre como nos sentimos nesse intermeio de não estarmos cá, e não estarmos lá. Muitas vezes recordo-me dos emigrantes e da dor de estarmos longe de tudo o que conhecemos e amamos. Por outro lado, é também um acto de coragem: partir em rumo ao que não se conhece, disposto a aceitar o que vem de braços abertos.

Esta semana o primeiro ministro português e o seu governo andam a comprar ou a tentar comprar os meios de comunicação social para controlar o mundo, ou pelo menos controlar o país, ou pelo menos controlar o governo, ou pelo menos controlar o PS, ou então não é para controlar nada. Como sempre constrói-se uma campanha de sensacionalismo sem esclarecimentos, sem verdade, e sem preocupações. Este país é muito cómico. Adoramos um bom escândalo. E há algo que não tenho dúvidas: nunca se falou e escreveu tanto e tão mal sobre um primeiro ministro como sobre José Sócrates. Bom ou mau este homem não nos deixa indiferentes.

Esta semana também organizei e dirigi um workshop de constelações familiares. Esta é uma área que me apaixona e que estou certo ser para onde quero ir na minha vida. Uma das questões que tantas vezes surge nas constelações é a relação entre as vítimas e os agressores. Sem qualquer carga valorativa, encontramos tantas vezes um movimento que atraí um para o outro em ambos os sentidos. Tantas vezes, neste processo terapêutico, descobrimos que a vítima dá poder ao agressor: falando dele, ou ignorando-o, amando-o ou odiando-o. Enquanto a pessoa mantém o agressor como epicentro da sua vida, enquanto se dá poder ao outro, esse mantém-nos presos. Será que para os países e para as regiões também é assim?

Esta coisa do Carnaval também tem que se lhe diga. Este ano eu e a C. decidimos fazer as nossas próprias máscaras. Fomos comprar material e sei lá mais o quê, passeámos na baixa e andámos de mãos dadas. Depois em casa começou a verdadeira aventura: andamos nós, em cortes e costura, em colas e recolas, em puxas e esticas. Sempre a sonhar com a festa de hoje à noite, e o risco de sermos os únicos mascarados.

E no meio disto tudo vou vivendo os meus dias. Uns mais calmos, outros mais agitados, mas sempre com muito a acontecer.

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Bernardo Ramírez Bernardo Ramirez nasceu en 1974 en Faro. É apaixonado pelos seres humanos e pela vida. Formou-se em Constelações Familiares e em Constelações Organizacionais. Desenvolve em parceria o projecto “ Pedagogia Sistémica” (porque o sistema escolar representa o futuro). Tem um portal onde fala das Constelações, da Comunicação e da Tecnologia. Tenta ser estudante permanente e interessa-se por temas de Desenvolvimento Humano, da Comunicação e pela Tecnologia em geral. Formou-se em Comunicação e Novas Tecnologias.