Colonialismo dos povos e das instituições

O colonialismo pode realizar-se por parte duns povos sobre outros ou do poder político predominante sobre as instituições, que têm em comum a perda da sua autenticidade e a míngua dos interesses da maioria social.

Por Ramón Varela | Compostela | 22/07/2021

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Este é o caso do colonialismo exercido polo Reino de Espanha e o seu braço espiritual, a Igreja Católica, no continente americano que implicou o genocídio da população, a imposição da escravidão, a espoliação dos seus recursos e a satanização das sua ideologia, e a sua substituição a sangue e fogo pola «verdade» católica sob pretexto de salvar a sua alma, e a negativa persistente a integrar os crioulos na administração do país.  
 
Essa negativa a acordar formas de entendimento é também manifesto no caso dos povos que convivem no estado espanhol. Aqui pretende-se solucionar o problema da melhora do autogoverno que demandam as nações com a negação do outro, a propaganda e a repressão, ou difundindo o estribilho de que a legislação não o permite, mantendo a sua vigência de facto inalterada como parapeito contra às aspirações e direitos desses povos e dos seus cidadãos e deixando inalterado o colonialismo persistente sobre a sua língua, cultura, recursos, ... Querem que os povos acudam à via legal, mas mantendo-a inalterada, e qualquer apelação destes povos para cambiá-la está condenada de antemão ao fracasso, pola resistência ao câmbio de quem usufrutua as instituições. 
 
Praticamente todas as instituições do estado estão politizadas, o qual significa que não atuam de acordo ao que têm estipulado na lei, senão segundo a conveniência do seu amo, que são os partidos políticos que os elegem, quer direta quer indiretamente, fundamentalmente PP e PSOE.  O Conselho Geral do Poder Judicial (CGPJ) é o máximo órgão de governo dos juízes. Os vinte vogais de que se compõe são elegidos 10 polo Congresso e 10 polo Senado, ou seja, polo PP e PSOE, por uma maioria de 3/5, ou seja, 210 deputados ou senadores. O Tribunal Supremo é o órgão que ocupa a cúspide do poder judicial; único e superior em todas as ordens, com jurisdição em todo o estado, composto por um número indeterminado de magistrados, é nomeado polo CGPJ, e indiretamente por PP e PSOE. Somente escapam à sua competência o referente às garantias e direitos constitucionais, que estão encomendadas ao Tribunal Constitucional, que está composto por 12 membros: quatro elegidos polo 3/5 do Congresso; outros quatro polos 3/5 do Senado; 2 polo Governo e 2 polo CGPJ.
 
O Tribunal de Contas tem como função fiscalizar e censurar as contas do sector público estatal, autonômico e local, assim como a contabilidade dos partidos políticos. Está integrado por doze conselheiros de contas, um dos quais é o presidente, que gozam d independência e inamovilidade e têm as mesmas incompatibilidades que os juízes. Seis dos seus componentes são nomeados polo Congresso, outros seis polo Senado por uma maioria de 3/5 de cada uma das câmaras e por um período de nove anos renováveis. A sua situação atual é dum nepotismo obsceno. Trabalham nele perto dum cento de familiares de altos cargos e ex-altos cargos, entre eles ex-ministros, majoritariamente do PP, dum total de 700 que conformam a nômina: esposas, cunhados, concunhados, irmãos, coirmãos, sobrinhos, filhos, noras e genros. Do êxito da sua gestão é expoente que, ainda que não soubo detetar a imensa corrupção da que é protagonista o PP, sim é capaz de deixar na miséria aos políticos catalães pola sua gestão das relações exteriores que tem atribuídas no seu Estatuto de Autonomia.
 
Mas a colonização não termina ai, senão que também se estende às empresas públicas que forma privatizadas: ENCE, Endesa, Repsol, Renfe, Ferrovial, Telefónica, Aceralia, Iberia, Seat, Tabacalera, Enagás, Red Eléctrica, ... Estas empresas e algumas privadas como La Caixa, Naturgy, ... atuam como portas giratórias para os políticos de turno: Aznar em Endesa; Felipe González em Naturgy; Trinidad Jiménez, Trinidad Jiménez e Narcis Serra, em Telefônica, ... Uns quarenta altos cargos do PP e PSOE trabalharam na empresa privatizada, e não precisamente pola sua perícia no seu negócio, senão pola sua influência nos seus companheiros de governo, e sempre em menoscabo dos interesses da cidadania. O fundamento de toda esta andaimada é o sistema eleitoral bipartidista.

Congreso dos Deputados
Congreso dos Deputados | Fonte: Congreso.
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Ramón Varela Ramón Varela trabalhou 7 anos na empresa privada e, a seguir, sacou as oposições de agregado e catedrático de Filosofia de Bacharelato, que lhe permitiu trabalhar no ensino durante perto de 36 anos.